A FEIRA DAS DROGAS
6 de março de 2014 / 0 ComentáriosMinha esposa costuma ir à feira todas as quartas feiras. Até conheço o nome dos feirantes e os imagino como serão, em meu imaginário. É o João Guaianás, o seu Luiz, O Marquinho, a dona Luzia do abacaxi.
Estou bem acostumado em pensar em uma feira de pepinos, abacates, tomates, e tantos outros legumes e frutas. Fico, entretanto, surpreendido pelo que li no Jornal Estado de São Paulo, 18 de fevereiro do corrente ano, na pagina A3 :
“A feira livre de drogas na Rua Peixoto Gomide, nas imediações da Avenida Paulista…”
“A feira que ocupa uma quadra da Peixoto Gomide, entre as Ruas Augusta e Frei Caneca, funciona todas as noites, com maior intensidade nas de sexta-feira e no sábado. “ “Ali se concentram adolescentes e jovens que não podem frequentar as casas noturnas, onde só é permitida a entrada de maiores de idade”. “Os traficantes circulam nas calçadas e entre os carros oferecendo aos gritos maconha, cocaína, ectasy, LSD, lança-perfume GHB em gotas, um anestésico também usado como estimulante sexual.”
“A liberdade com que (esse comércio) é praticado inclui facilidades de pagamentos”
“Quem não tem dinheiro vivo pode pagar aos traficantes com cartões de débito ou de crédito em loja de conveniência de um posto de gasolina próximo.”
Assim caminha a humanidade, de abismo a abismo. O poder estatal não consegue deter essa onda avassaladora de drogas vendidas publicamente, aumentando o contingente de dependentes químicos.
Li um livro de autor judeu, Emmanuel Levinas, sobre cinco novas interpretações talmúdicas. A certa altura pergunta-se – o mundo está se desmoronando, qual o papel do povo de Israel, como povo de Deus?
Se há um povo de Deus no mundo, esse povo deveria conter o mal e estabelecer a ordem em meio ao caos. Porque não o faz? Responde o texto do Talmude, porque o povo deixou de ser vinho para ser vinagre.
Porque se tornou vinagre? Responde o Talmude, por que o povo deixou crescer espinheiros na vinha.
Ao ouvir a exclamação “Vamos cortar os espinheiros”, o rabino responde “Deixemos que o proprietário da vinha faça isso”.
Aplicando isto a Igreja, vamos observar que os seguidores de Cristo deixaram a muito de ser sal e luz. Sal para conter a corrupção e luz para iluminar as vidas em trevas.
A igreja não tem conseguido executar seu papel no mundo. Será que Emmanuel Levinas pode nos dar a resposta, embora esteja falando sobre o povo judeu – não somos mais vinho, mas vinagre?
A Bíblia compara a igreja como vinha de Deus, Jesus nos comparou a galhos de uma videira. Só estando nele daremos frutos e se não estivermos nele seremos podados e lançados ao fogo.
Este é o ensino de Jesus Cristo. Enquanto a ousadia do homem sem Deus chega ao ponto de promover em pleno centro da capital paulista uma feira de drogas, os cristãos não sabem orar, os cultos de oração são de pouca frequência, algumas reuniões de oração se convertem em louvor e discurso bíblico.
Só uma igreja de joelhos conseguirá conter o avanço da impiedade. Quando Cristo diz “Quando o Filho do Homem vier, achará fé na terra”, ele o diz após contar a parábola da viúva que importuna o injusto juiz. O contexto da frase de Jesus sobre a fé é a oração.
Ninguém pode dizer que tem fé, se não ora, se não se ajoelha na presença de Deus, chorando pelo mundo perdido. Não haverá esperança para o mundo, se a igreja não orar.
Se há uma feira de drogas em plena capital paulista não é porque há uma ausência de Deus, mas uma ausência de nós, que nos dizemos cristãos, à oração.
Estive na celebração dos cem anos do pastor Enéas Tognini. Todos os presentes recordaram os grandes feitos desse gigante da fé, mas se esqueceram de que nos áureos dias de avivamento, quando o poder do Espírito Santo varria a terra brasileira, do Oiapoque ao Chuí, atingindo metodistas, batistas, presbiterianos, luteranos, o brado do incansável servo de Deus era : Muita oração, muito poder, pouca oração, pouco poder, nenhuma oração, nenhum poder.
De joelhos igreja, porque só de joelhos o Espírito do Senhor levantará sua bandeira contra o inimigo que vem como torrentes de águas.
“Quando o inimigo vier como torrentes de água, o Espírito do Senhor levantará contra ele a sua bandeira”.
O Jornaleiro.
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