Publicado em 19 de setembro de 2024
Nesse espaço de chão de letras esparsas temos nos dedicado a refletir sobre a oração. Hoje vamos discorrer sobre a oração intercessória. Gosto muito do texto abaixo:
“E busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro, e estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que eu não a destruísse; porém a ninguém achei”.
“Por isso eu derramarei sobre eles a minha indignação, com o fogo do meu furor os consumi, fiz que seu caminho recaísse sobre a sua cabeça, diz o Senhor Deus”. Ezequiel 22. 30 a 31.
O texto fala por si só. Deus procura homens que intercedam pelo planeta terra e pelos seus habitantes. Gostaria que vocês pensassem em tantas orações que são feitas até mesmo dentro do mundo virtual, e procurassem uma que fosse por intercessão por todos os homens desta terra. Também procurassem atentar pelas que são feitas em nossas igrejas – vocês não encontrariam uma sequer que atendesse esse requisito da Palavra de Deus.
Certamente a motivação do coração de Deus não coincide com nossas motivações.
Confesso meu pecado de me omitir quanto a este reclamo de Deus, pois Ele me confrontou com esta palavra e estou procurando endireitar minha vereda dedicando-me a orar pelo mundo. A Bíblia é tão clara: “Deus amou o mundo”… Como filho adotivo de Deus devo nutrir os mesmos sentimentos do meu Pai Celeste e deixar seu amor pulsar dentro do meu coração – clamando por esta terra.
Além de dedicar-me diariamente a orar pela terra, também oro pelos enfermos da nossa paróquia e por todos que sofrem procurando imitar Wesley que dizia: “minha paróquia é o mundo”.
Na minha oração pelos enfermos, principalmente os crônicos, cito nominalmente cada um deles, peço sabedoria para orar por eles. Tenho aprendido que orar pelos enfermos traz ao meu coração um forte sentimento de compaixão que me leva às lagrimas.
Percebi que é notável como Deus trabalha conosco. Na oração intercessória nosso coração compartilha o sentimento de Deus. Lembro-me do Bom Samaritano e vejo como posso ser como ele, recolhendo no meu coração aqueles que estão feridos e que se encontram à beira do caminho.
A compaixão é um atributo de Deus chamado de comunicável porque pode ser transferido de Deus para o nosso coração. Com a oração intercessória percebemos claramente o mover do Espirito Santo trazendo para nós o que Deus tem – compaixão.
Muitos têm dificuldade de orar por menos uma hora ao dia. Na oração intercessória dedico de 15 a 25 minutos orando. Como você pode notar, se você orar a oração cantada, a oração reino, e a oração intercessória, seu tempo pode ultrapassar tranquilamente uma hora de oração.
Orar cem cessar – que seja nosso objetivo. Até a próxima.
O JORNALEIRO
19.set.24
Publicado em 9 de setembro de 2024
Depois de falar sobre a oração cantada (cantar fazendo suplicas, louvor, adoração), queremos hoje destacar a oração reino. Na oração do Pai Nosso, que Jesus nos ensinou, dizemos: “Venha a nós o teu reino”.
Ele também nos exortou: “Buscai primeiro o reino dos céus”, e quando começa seu ministério diz: “Arrependei-vos porque é chegado o reino dos céus”.
Na oração devemos, portanto, buscar o reino. Primeiramente, reino é o governo de Deus. No princípio da criação Genesis nos fala que o Espírito Santo se movia pela face do abismo. A visão que nos é apresentada é de um momento de caos, onde a ordem divina começa a dividir os continentes, lagos, mares, terra.
Reino é justamente isto, o Espirito Santo vindo sobre o caos e estabelecendo a ordem. Isto quer dizer que sem Deus tudo está fora do lugar, nossos pensamentos, desejos, prioridades, sentimentos, emoções.
Venha o teu reino, tua ordem sobre nosso caos.
Logo em seguida, ainda no Pai Nosso, após pedir pelo reino, nos é ensinado “Seja feita a tua vontade assim na terra como nos céus”. Buscar o reino é buscar o governo, reinado de Deus em nós, a perfeita, boa, e agradável vontade de Deus.
Ao dirigir nossa vida, Ele nos guia para tudo que é do seu reino, serviço cristão, vida de piedade, vida dentro do corpo exercendo os dons que Ele nos dá.
O reino dos céus é o mundo de Deus e quando você se dedica a essa busca, sua vida vai orbitar em torno do celestial e, na oração, você será orientado a interpretar a linguagem divina, vinda através de fortes impressões e direcionamentos tornando-o uma arvore frutífera junto ao ribeiro de águas.
Além de buscar a vontade e o governo divino, seremos direcionados a orar por pastores que estão cansados, enfermos, passando por provas, missionários em terras distantes, países que vivem sob domínio de principados e potestades, igrejas e denominações que estão frias.
A oração reino irá levar você a ver as coisas da terra estando lá em cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus e interpretá-las segundo o Espirito Santo.
Embarque nessa aventura, você não irá se arrepender.
O JORNALEIRO
09.set.24
Publicado em 31 de agosto de 2024
O Salmo 63.3 diz que a graça divina é melhor que a vida. Nada tem valor sem Deus, a comunhão com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo, é fonte inesgotável de felicidade, alegria, paz e amor. Se levássemos essa verdade a sério iríamos atentar para a exortação paulina: “apresentem seus corpos em sacrifício vivo”.
No nosso último artigo afirmamos que este nosso pedacinho de chão é dedicado para quem tem interesse em buscar uma vida de maior comunhão com Deus e de interesse em viver o reino.
Na nossa conversão recebemos a vida eterna – vida de Deus em nós- e precisamos desenvolver essa vida. Se não a cultivarmos ela vai morrer e secar como uma planta que, mal cuidada, não recebe a rega diária e as ervas daninhas começam a crescer em volta dela se não são arrancadas.
A oração e a palavra são o caminho estreito para nosso crescimento espiritual. A leitura da palavra é um caminho apertado, mas a oração é muito mais, quero dizer, a sua prática.
Quando nos dedicamos intensamente à oração, refiro-me a orar em secreto duas horas por dia, no mínimo, que podem ser fracionadas por períodos de 20, 30 minutos ou mais.
Andando por este caminho estreito você vai aprender várias estratégias para orar. Hoje quero frisar aqui a oração cantada. Assim eram as orações de Davi. Os salmos são cânticos, eles tinham melodia.
A Bíblia fala de cânticos espirituais. Procuro falar do que estou vivenciando. Há poucos dias vivi e continuo vivendo essa graça divina. Destaco que é uma forma de oração, que me ocorre algumas vezes. Ela enriquece e diversifica a nossa oração. Ela mexe com as nossas emoções tornando-as puras. Defino o choro que pode ou não acompanhar esses momentos, como “um choro doce”.
“Exercite-se na piedade”, exortou Paulo a Timóteo. Tem uma música para crianças que diz: “Comer, comer para poder crescer”, na vida espiritual devemos cantar “Orar, orar para poder crescer”.
Vamos começar…
O JORNALEIRO
31.ago.24
Publicado em 24 de agosto de 2024
A oração é um instrumento poderoso que Deus coloca à nossa disposição, porém é muito mal compreendida e por esta razão crentes anões vão proliferando cada vez mais dentro da Igreja.
O mau uso da oração impede a nossa caminhada rumo à maturidade cristã. Geralmente se ora por necessidades. Nossos filhos precisam, nós oramos. Nosso casamento vai mal, oramos. Estamos enfermos, oramos.
Chamo a isso orar por necessidades. Não que seja errado, mas orar exclusivamente porque estamos precisando não é boa prática cristã. Elas visam mais o material. Os cristãos atuais são excessivamente materialistas, estão focados no mundo presente, esquecem-se da sua vocação celestial.
Nesse cantinho da minha conversa com você, queria lhe dar testemunho de como tenho encarado a oração.
Para enfrentar um ataque terrível das forças das trevas contra minha mente comecei a dedicar toda manhã à oração, ao estudo bíblico, à meditação e à leitura. Isso me ajudou a aumentar meu tempo orando, não poucas vezes, por quatro horas ao dia.
Ao dedicar-me mais percebi algo que me deixou bastante extasiado. Já orava pouco orações por necessidades. Orava mais buscando conhecer melhor a Jesus e a sua vontade, até que praticamente deixei de orar por necessidades pessoais e familiares.
Passei, então, para uma fase bastante interessante da minha vida de oração. Jesus começou a me chamar para orar. De repente, do nada, um desejo forte no meu coração começou a me impelir a orar. Orações de louvor, de gratidão, de conversa íntima com Deus, num aprofundar da comunhão com a Trindade Santa.
Não estou escrevendo aqui para todos, mas para as pessoas especiais que Deus, através desse testemunho, irá convocar para se dedicar horas e horas à oração, vivenciando cada dia um aprofundamento da comunhão com Deus.
Estou nessa viagem… Você não quer embarcar nas asas do Espirito e voar, para nenhum outro lugar senão para os braços do Pai?
O JORNALEIRO
24.ago.24
Publicado em 20 de setembro de 2023
Após a ceia Jesus começa a lavar os pés dos seus discípulos. Pedro, porém, se recusa a permitir que o Mestre o faça. Jesus lhe diz, “se não lavar seus pés não tens parte comigo”, e Pedro responde: “Não só os pés, mas o corpo todo.”
A tecnicidade teológica dos nossos dias tem matado a igreja. Vejamos alguns exemplos: “o arrependimento surge automaticamente, sem que seja buscado.” Os crentes não são exortados a pedirem a graça do arrependimento. Não o experimentam no decorrer da vida cristã. Não vivenciam da “tristeza segundo Deus” que na verdade é a tristeza do Espirito Santo comunicada ao nosso coração quando pecamos.
Como os cristãos também não aprendem a orar sem cessar, também deixam de ouvir a voz de Deus nos seus corações e não percebem a ação nefasta do pecado em suas vidas.
A busca por arrependimento nos ajuda em muito a sanar essas nossas deficiências espirituais. Orar pedindo arrependimento e experimentá-lo é uma preciosidade. Ao orarmos nesse sentido nossos olhos são abertos para os pecados que nos rodeiam e recebemos poder de Deus para confessá-los e abandoná-los.
Outra tecnicidade teológica – Batismo com Espirito Santo e com fogo. Uns ensinam que acontece na conversão, outros, após. O tecnicismo teológico ensina que ele não se repete, mas onde está escrito que não? E ainda que estivesse escrito qual o mal de pedir que ele aconteça todo dia na nossa vida?
Penso que tudo que a Bíblia ensina não é de natureza estática, mas dinâmica. A Palavra está acontecendo a todo momento em nós desde que a queiramos e a busquemos.
Gosto de tudo na Bíblia, mas me chama muita atenção o que Cristo disse: “Se vós estiverdes em mim e as minhas palavras estiverem em vós pedireis tudo o que quiserdes e vos será feito”.
Minhas palavras em vós, tudo que Deus falou. Se essas palavras estão em nós que efeito elas produzem nas nossas vidas? Elas estão sendo vivenciadas a todo instante?
“Não somente os pés…” Não somente uma vez, mas sempre. Porventura quando o texto diz “com fogo” não se refere à purificação? Não preciso do poder do Espirito Santo para vencer o pecado? A vinda desse poder extraordinário em mim não é Jesus me imergindo, “me afogando”, “me embriagando” no Espírito Santo – e isto não corresponde a um glorioso batismo?
E quando orarmos Deus nos dará o que pedimos ou o que necessitamos?
Os mestres de Israel ensinavam a letra, mas Jesus ensinou que sua PALAVRA é espirito e vida. O tecnicismo teológico rouba-nos o frescor da Palavra em nossas vidas.
Abaixo a teologia? Não, mil vezes não! Ela nos faz muito bem quando desenvolvemos junto com ela a teologia “dos joelhos”, “do coração quebrantado”, “filhos pequeninos dependendo inteiramente do pai”.
Não são os teólogos a dizer a última palavra, mas um andar no Espirito que nos leva a aprender com Deus, a navegar pela fé, em meio ao nevoeiro desse mundo tenebroso.
O JORNALEIRO
20.set.23
Publicado em 12 de setembro de 2023
A biografia dele é pobre em detalhes, mas riquíssima em significados. Sua casa, à porta do rico, seu menu diário, migalhas, seus amigos e seu bálsamo, os cães. Como ser feliz vivendo em circunstâncias tais? Mas ele era.
Entender Lázaro é o maior desafio para qualquer um de nós. Ele guarda um segredo profundo, quase inescrutável. Deus se agradou dele, tanto quanto se agradou de Enoque cuja biografia também é por demais sucinta: Enoque andou com Deus e Deus para si o tomou.
Sua vida me revela o quão longe estou da humildade de Jesus Cristo e me traz profundo quebrantamento. Ele morreu e foi levado pelos anjos. Estava à porta do rico vivendo de migalhas, estava à porta dos céus vendo a glória que o esperava.
Não é por ser pobre que a Bíblia marca a sua trajetória sobre a terra, mas pelo que estava no seu coração. Ver sua alma é ver o que agrada a Deus
Não murmurava. Israel no deserto, comendo maná e codornizes, com roupas que não envelheciam, ar condicionado à noite e de dia, porque no calor do deserto a nuvem que os acompanhava dava sombra e descanso, o fogo à noite aquecia as noites frias. Esses sinais marcavam a presença de Cristo na vida do seu povo, mas este mesmo povo vivia se rebelando contra Deus, insatisfeito com tudo de bom que recebia.
Agradecia ao rico permitir estar a sua porta, agradecia a Deus por simplesmente estar ali, comer o seu pão de cada dia, migalhas, não se revoltava vendo tanta gente ostentando riquezas mundanas entrando e saindo daquela mansão.
A ninguém invejava. Não maldizia a sua sorte. Não esbravejava. Ao relento, tomando chuva ou enfrentando o sol escaldante, pouco lhe importava, o Senhor era sua alegria e riqueza.
Seus amigos eram os cães. Por que vinham para junto dele? Porque com eles repartia as suas migalhas e eles lhes demonstravam gratidão lambendo suas feridas, eram o balsamo para sua dor.
Quantas noites enluaradas ouviram sua prece candente, languida e triste, um lamento logo substituído por canções de amor ao Deus de Abrão, Isaque e Jacó, o Deus dos vivos e não de mortos. As estrelas recolhiam suas preces e cânticos e os depositavam aos pés do que está assentado no trono.
Sansão empolga pela sua força, Davi pela coragem contra Golias, Paulo pela sua teologia, João pelas suas mensagens de amor, mas Lázaro empolga pela sua fraqueza, o seu abismo, sua força contra a miséria, coragem suportando a ostentação, sua teologia do sofrimento, sua mensagem muda de um amor saído das feridas e das chagas.
Levanto-me em guerra contra mim mesmo e grito – Tenho coisas demais, conforto demais, não precisaria de nada disso, tudo é vento e desperdício! Ó insatisfação que nunca tem fim, desejos que nunca cessam! Jamais conseguirei viver feliz sendo Lázaro, nem mesmo como o rico.
Meu Lázaro Jesus, me ensina a conviver com este desafio – de saber que nunca o agradarei como Enoque ou como Lázaro, que nunca farei o que tu fizeste, mas a confiar de todo coração que sabes quem eu sou “um pobre e necessitado” de virtudes, amor, esperança e fé. Mas apesar de tudo isto tu me redimes se colocando no meu lugar e dizendo – “Eu sou tudo o que você não pode ser”, “Eu sou tudo que lhe basta”, abraça-me, filho, sou Eu que o Pai vê quando olha para você, porque me fiz Lázaro por você, me fiz pecado e maldição. Sou em você tudo que você não pode ser.
O JORNALEIRO
12.set.23
Publicado em 3 de setembro de 2023
Ser calvinista ou arminiano,
Católico,
Ou protestante?
Diante do trono do juízo
Que pergunta ouvirei?
Me cobriste quando nu?
Em cadeias me visitastes,
Pão não me olvidastes?
Pregador eu fui, também pastor,
Mas não amei,
Palavras e mais palavras
Nada mais.
Nenhum socorro ou ato de misericórdia.
Sem compaixão,
Assim é religião.
De Cristo, o exemplo quem segue?
Do alto do penhasco da vaidade fazem o seu púlpito
E gritam:
Pecadores, todos pecadores, ao inferno, as chamas vos esperam.
A cruz, onde está a cruz?
Proibido usá-la como símbolo
Longe dela também o coração.
Morrer para viver é utopia
Porque Calvário, se temos prazeres, diversões,
Carrosséis de ilusões,
Paixões deletérias?
Comer, beber, folgar é nosso lema,
Longe de nós o mendigo, o pobre, o nu.
Não vos conheço, nos dirá Cristo,
Mas, cantamos, pregamos, congressos, livros,
A Bíblia decoramos.
Mas corpo em sacrifício vivo,
A cruz pesada, os pregos,
Onde estão tuas feridas,
Tuas chagas, as marcas em tuas mãos?
Fostes mais que teu Senhor,
Com ele não quisestes sofrer pelas ovelhas que te dei,
Não as do aprisco,
As desgarradas gritando de desespero e dor.
Penoso,
Triste,
Será ouvir – Não vos conheço.
O JORNALEIRO
03.set.23
Publicado em 28 de agosto de 2023
Eu a conheci quando fui pastorear a igreja de Pirajuí. Eram 14 mulheres e dois homens. Durante todo o tempo em que estive lá ela foi a tesoureira. Vez por outra quis desistir, mas eu a incentivava a continuar e assim, foi se firmando na tarefa de controlar as contas da igreja e muito me ajudou carregando essa responsabilidade.
Seu legado foi de honestidade e amor à obra de Deus. Também deixou uma filha maravilhosa, Andréia, que herdou toda a fibra e coragem de sua mãe. Seus problemas neurológicos durante o final da vida em nada desmerecem tudo o que fez e viveu como serva do Senhor.
Imaginem como era difícil ficar numa igreja pequena, cheia de problemas e com muitas feridas provocadas por divisões e má gestão no trato com as ovelhas. Terezinha, porém, fazia parte de um grupo de quatorze mulheres que não abandonaram o barco, mas mantiveram a chama da fé apostólica acesa.
A igreja de hoje em Pirajuí deve muito a essas corajosas mulheres. Os rostos de cada uma delas continuam presentes em minha memória e em meu coração.
Acompanhei um testemunho vibrante da irmã Terezinha. Ela trabalhava em um setor administrativo da Prefeitura. Um novo prefeito assumiu e resolveu coloca-la para varrer as ruas da cidade. Nossa irmã passou por um longo período de sofrimento e humilhação, mas venceu.
Com o decorrer do tempo houve uma nova mudança na administração municipal e ela retornou a seu lugar de origem.
Morava numa casa de tábuas. Incentivei-a a ter fé, que Deus haveria de lhe dar uma casa melhor. Não muito tempo atrás, ao visitar nossa igreja em Pirajuí, ela insistiu comigo para ir à sua casa.
Era de tijolos, linda, agradável e ela me lembrou do incentivo que lhe dei. Por todos esses detalhes, e mais, pelo esforço que fez para educar sua filha e lutar para que ela tivesse uma posição de honra em sua profissão, temos uma viva demonstração da eficácia da sua fé.
Jamais me esquecerei dela e de sua filha, embora pouco contato tenhamos mantido, em razão de nossos afazeres. Não pude ir a seu velório, mas ela está presente em minha lembrança e em meu coração.
O inimigo ataca ferozmente determinados crentes e sua morte equivale a de um mártir. Assim foi com Terezinha.
A Deus aprouve permitir seu sofrimento inexplicável, mas dentro de Sua sabedoria inescrutável.
Até breve, querida irmã Terezinha!
O JORNALEIRO
28.ago.23
Publicado em 23 de agosto de 2023
Texto Bíblico: Marcos 10: 46
(Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado, à beira do caminho (à margem), mendigando.)
Marginal,
Não no caminho,
Perto, no entanto,
Bem ao lado,
Mas marginal.
Bandido para a polícia,
Da sociedade banido,
Ninguém o quer,
Ama ou procura.
Bartimeu, o cego,
Marginal,
À beira do caminho.
Sem ver, mas querendo ser visto,
Não amado,
Não querido,
Mãos estendidas,
Uma esmola de carinho,
Um tostão de atenção.
Marginal também quero ser,
Estar à beira do caminho,
Esperando para dizer:
Até os cachorrinhos Senhor,
Uma migalha,
Apenas uma migalha!
“Se é isso que me pedes,
Se tão pequeno te colocas,
Para os que choram nos portais,
Por mim suspirando,
As bênçãos que estão nos céus,
Todas são
Dos pobres marginais
Que batem à minha porta”
Senhor sou marginal!
“Agora não mais, não lanço fora,
A quem a mim vem!”
“Eis as mãos feridas que te salvam,
Eis o flanco ensanguentado que te cura,
Eis os espinhos da minha fronte…
O preço foi pago,
És um redimido.“
Saio das aguas do rio da vida,
Purificado,
Liberto,
Salvo,
Não mais à beira do caminho,
Mas no caminho,
Olhando o que me espera,
A herança eterna dos que deixaram de viver na margem,
Entraram no rio…
Águas vivas,
Saídas do Trono,
Para ao pé do trono me levando.
O JORNALEIRO
23.ago.23
Publicado em 17 de agosto de 2023
A experiência foi tão prazerosa que decidi relatá-la aos queridos leitores. No meu ministério como pastor dedico-me ao preparo de líderes promissores. Como parte desse labor levei meu pupilo para uma ação de evangelismo pessoal.
A manhã estava fria, o sol não estava querendo dar as caras. Fiz o seguinte comentário: Quando o tempo está assim geralmente é difícil pescar – é o que dizem os amantes da boa pescaria.
A rua estava com pouco movimento e fomos em direção a um supermercado, com esperança de encontrar pessoas para falar das boas novas.
Olhei o ambiente e não fiquei muito animado, mas ao atravessar o local, passando para uma outra rua – que surpresa! – era uma rua de comércio.
Encostado em uma grade estava um senhor que olhava o pátio do mercado. Aproximei-me dele e comecei a puxar conversa.
Um real para cada pensamento seu! Ele me disse que estava pensando em seus problemas.
Perguntei-lhe o nome – Paulo, ele me disse.
Fiz outra pergunta – o senhor conhece alguém importante com esse nome?
Pensou um pouco e respondeu – Paulo de Tarso.
Que bom, o senhor tem uma cultura bíblica. Onde aprendeu sobre isso?
Na macumba, sou macumbeiro – respondeu.
Mas lá ensina a Bíblia?
E o Pai Nosso, disse-me ele, querendo dizer até onde tinha chegado.
Bom, muito bom, disse eu. Pai nosso, expliquei, dá uma ideia de proximidade, alguém que nos acolhe, abraça, e nosso diz que ele é nosso pai e pai dos que o amam. Mas a expressão céus mostra quão grande e infinito ele é.
Novamente ele me surpreendeu e disse – Ele está acima de tudo.
Também me disse que trabalhou como obreiro na Caverna de Adulão, entidade que se dedicou, por muitos anos a ajudar dependentes químicos.
Citei João 3.16 para ele, deixei com ele o endereço de nossa unidade no Petrópolis, também orei, e incentivei-o a buscar a Deus.
Após isso, continuamos nossa caminhada pelo bairro. Entrei em um bar. Só havia uma moça atendendo. Vivian, o nome dela. Pedi uma coxinha e um refrigerante. Tinha feito meu desjejum em casa, e no Petrópolis comi algumas iguarias na nossa unidade. Estava satisfeitíssimo, mas precisava fazer uma ponte, estabelecer um contato. A coxinha foi o começo.
Falamos sobre seu casamento. Seu marido havia se suicidado. Conversei sobre seu trabalho ali, onde morava, e depois perguntei – Vivian você frequenta alguma igreja?
Resposta – Não!
Porque não?
Falta de vergonha, disse-me ela.
Estava aberto o caminho para eu dar meu pequeno recado. Terminei citando Jesus: “Vinde a mim, vós que estais cansados e oprimidos e Eu vos aliviarei.”
Quando saí, ela estava chorando.
Fizemos mais três contatos, todos abençoadores.
Não é empolgante trabalhar na seara do Senhor? Ainda há gente que diz que não quer ser crente de banco, e imagina que servir a Deus é só cantar no louvor, tocar na banda, pregar, liderar ministérios. Mas é mais, muito mais! Prefiro passar o dia inteiro fazendo evangelismo pessoal a pregar dez sermões.
Até outro dia, quando novamente vou sair com meu amado discípulo semeando a Palavra.
O JORNALEIRO
17.ago.23