AINDA, O DIVÓRCIO
21 de outubro de 2014 / 0 ComentáriosVolto ao assunto porque li um artigo de Regina Navarro Lins, psicanalista e escritora, onde ela diz com propriedade: “O fim de um relacionamento é tão doloroso que muitos estudiosos consideram o sofrimento comparável em intensidade à dor provocada pela morte de uma pessoa querida” [1].
Bem, quem passou pela experiência poderá constatar a veracidade desta afirmação. É como um assassinato, ou talvez pior, porque no assassinato a pessoa para de sofrer, enquanto no divórcio a pessoa ferida continua sofrendo a dor de uma perda, comparável à dor da perda de um pai, ou quem sabe até de um filho.
Em razão disso a Bíblia é categórica: “Deus odeia o divórcio”.
Analisamos o conceito de pecado no nosso último artigo sobre esse assunto como sendo um “errar o alvo”.
Agora iremos analisar o conceito de pecado como algo que é prejudicial ao ser humano.
Deus odeia o divórcio pelas consequências que ele traz. Um deles é a dor do abandono comparável à dor da morte de um ente querido.
Quando digo que não posso andar com uma pessoa, um líder, que não acredita na palavra de Deus e vê o divórcio como algo banal, comum, que deve ser aceito de forma irrestrita pela igreja, digo-o em razão do resultado que ele produz.
Nossa primeira posição em relação ao divórcio é de condená-lo, porque quem dá causa a ele está provocando uma dor terrível na pessoa vitimada, pelo abandono.
Continua a articulista – “Ele deixou de amá-la, e ela deixou de amar a si mesma”. “Sem perceber, ele já começou a matá-la”. “A morte física é a continuação da morte psíquica provocada pelo abandono – diz a escritora Carmen Posadas” [2].
Não estou relatando uma posição da igreja ou de um pastor, mas de uma estudiosa do assunto.
Muitos pastores e cristãos deveriam refletir bastante nessas considerações. E levantarem dentro da igreja uma bandeira contra o divórcio, para que cada cristão pensasse bem no mal que pode provocar no outro, no seu próximo.
Antes de escolher com quem casar, antes de tomar este passo tão importante na vida, deveria pensar que Deus é quem nos julga – “o julgamento começa pela casa de Deus” – Ele é juiz dos órfãos e das viúvas, e você está deixando uma mulher viúva e seus filhos órfãos.
Por que o fato de você passar um fim de semana com seu filho torna-o pai? O fato de você dedicar-lhe momentos fugidios torna-o pai?
Mas queria falar também da pessoa ofendida, machucada – “O sentimento de culpa tortura a alma da mulher abandonada”. “Repete mil vezes para si mesma que não conseguiu manter o amor do homem, que não tem atrativos, que tudo é culpa dela”.
Em síntese, ela se sente um lixo. Quando não é cristã, vai à forra. Mas quando tem princípios e valores, recolhe-se em sua dor. Até quando? Será que durante toda sua existência haverá cura?
O papel da igreja é ser o corpo de Cristo, corpo que cura. Tenho visto muitas ovelhas viverem em santidade, mesmo feridas. Algumas já estão curadas. Achei notável a posição de uma ovelha quando fui duro em minhas considerações sobre o divórcio. “Não estou preocupado. Fui divorciado, não conhecia o evangelho, pois se conhecesse, não divorciaria. Ao conhecer o evangelho, a igreja me acolheu, o pastor realizou meu segundo casamento”, – agora no Senhor – (a inclusão é minha).
Eis um caso de cura completa, de confiança em seu processo de restauração.
A ovelha em questão aceita a verdade de que “Deus odeia o divórcio”, mas aceita que Deus o perdoou, porque pecou em ignorância, pois se conhecesse a verdade, não o faria. Mas também acredita que Deus o perdoou e a igreja o acolheu.
Através deste exemplo vemos de forma bem limitada o papel da igreja na recuperação de pessoas que foram vítimas do divórcio.
A igreja abraça a Palavra e não aprova o divórcio, mas analisa cada caso, atentando para o ocorrido, para o testemunho da pessoa, e traz para a comunhão aqueles que foram lavados, purificados, após se arrependerem sinceramente, se propondo a obedecer à recomendação de Cristo: “Vai e não peques mais”.
É importante que a igreja integre a pessoa ofendida e os que pecaram por ignorância, isto é, antes da conversão. Mas também deve ser firme e forte com aqueles que sabendo e conhecendo a verdade, desobedecem.
Volto a uma pergunta aqui formulada: haverá cura?
O evangelho, no dizer de Paulo, é o poder de Deus para salvação daquele que crê. O evangelho é poder para apagar todos os traumas, enxugar todas as lágrimas, abrir perspectivas de ser um dom de Deus para outros, que são náufragos num mundo caótico e sem Deus. O evangelho pode tirá-lo de uma situação de dor, desamparo, abandono, e transformá-lo num aceno de esperança para todos os que sofrem.
Sim, há cura! Cura completa e vida abundante, para todos aqueles que sobrepujando suas lágrimas e dores, transcendendo o seu próprio sofrimento, decidem ser as mãos e os pés de Cristo na cura das almas.
O Jornaleiro.
[1] Regina Navarro Lins, “Dor e renascimento na separação”, Disponível em: <http://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2014/07/12/dor-e-renascimento-na-separacao/>. [Outubro, 2014].
[2] Regina Navarro Lins, “Amor levando ao fim”. Disponível em: <http://reginanavarro.blogosfera.uol.com.br/2014/10/14/amor-levando-ao-fim/>. [Outubro, 2014].
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