ANJO DE BARRO

22 de julho de 2017 / 2 Comentários

Anjo de barroNos arraiais evangélicos, é costume chamar o pastor de anjo porque nas visões do apóstolo João em Apocalipse – mais precisamente, nas cartas às igrejas –, usa-se a seguinte expressão: “dize ao anjo da igreja que está em…”, e a palavra anjo refere-se a pastores.

Temos que atentar, entretanto, que esta carta contém inúmeras figuras de linguagem, entre as quais a expressão “anjo da igreja”.

Precisamos entender que a figura é uma metáfora que precisa ser interpretada restritivamente, procurando o que há de comum entre um anjo e um pastor.

O anjo é um mensageiro, e só nesse sentido é que ele é comparado ao pastor. Portanto, expressando-nos pedagogicamente, o pastor só tem uma característica angelical: a de ter uma mensagem para transmitir.

Assim sendo, ele não tem nada de especial a lhe conferir um status diferenciado dentro da igreja, e não pode se achar no direito de se considerar superior a qualquer membro da família espiritual.

Pelo contrário, se ele quer servir bem ao rebanho, deve se considerar o menor de todos, já que isto é ensinado de forma plena nas escrituras.

Confesso me sentir desconfortável quando me chamam de anjo da igreja porque geralmente o sentido que é emprestado a esta expressão pela coletividade evangélica não tem nada a ver com o sentido que a Palavra lhe outorga neste texto de Apocalipse – a de simples mensageiro.

Há pastores que cultivam um alto apreço a si mesmos e incentivam os irmãos a tratá-los como se fossem verdadeiros reizinhos dentro da igreja. Muitas vezes atribuindo a si próprios a última palavra, tornando-se verdadeiros “magister dixit”.

Reconheço pessoas a quem sirvo em minha comunidade espiritual, mais qualificadas, de caráter mais exuberante, e muito mais dedicadas do que eu. Só tenho uma explicação para isso – Deus escolheu as coisas fracas para confundir as fortes – e isto visando a que a glória seja dada exclusivamente a Ele: Deus.

Nosso relacionamento dentro da igreja nunca deve ser vertical, em que uns são superiores a outros; mas horizontal, em que todos somos sacerdotes, profetas e reis, segundo o expresso ensino das Escrituras Sagradas.

A finalidade deste artigo não é levar ovelhas a se sublevarem contra pastores nem os subestimarem, mas nos levar a um banho de humildade sabendo o que Jesus ensinou ao lavar os pés dos discípulos – só somos dignos do episcopado quando aprendemos a lavar os pés daqueles a quem servimos como verdadeiros – anjos de barro.

O JORNALEIRO

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2 comentários

  1. DAVI DE CAMPOS MUNHOZ . disse:

    Excelente artigo!

  2. Ao ler esta mensagem, lembrei do texto de 2 Coríntios 4:7 que diz: “Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós.”