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NA NUVEM E NO FOGO

Publicado em 11 de abril de 2014

coluna-fogo

Diz a Bíblia:

Todos nós fomos batizados na nuvem e no fogo.

No deserto sem vida, de solidão, uma tocha de fogo brilhava à noite e aquecia as almas

Em meio ao sol abrasador, uma nuvem trazia sombra e descanso.

 

Senhor, quero viver na nuvem e no fogo

No descanso das Tuas asas

No fogo do Teu Espírito.

Sem isso, só verei o deserto.

Mas se no deserto a sarça se tornar fogo, então não morrerei no deserto

Mas irei além.

Além do visível, do tempo e do espaço.

Preciso de fogo nos meus ossos, Senhor

Meus passos já tropeçam

A desilusão já bate a minha porta

Noite escura desce sobre mim

As trevas não podem vencer!

Venha Tua luz Senhor.

Venha Teu calor.

Cansado estou de tudo: são tantas mesmices, vulgaridades mil.

O tédio do cotidiano me esmaga.

A nuvem Senhor

O refrigério da Tua presença torna tudo novo

Nova Criatura.

 

Filho, no deserto não havia só fogo e nuvem.

Uma rocha, filho

Esqueceu-se da Rocha?

– E todos nós bebemos de uma Rocha, e a Rocha era Cristo.

 

Ó Rocha ferida, ó peito transpassado

Tuas chagas são o meu balsamo

Tuas lágrimas me curam

Teu perdão é fogo que consome o ódio

Desconfiança, mal querença.

Tua entrega ao Pai,

– Nas tuas mãos entrego meu espírito –

É meu descanso.

 

Mas os outros, filho, e os outros?

 

Perdoe Senhor minha centrípeta visão.

Dá-me um olhar periférico.

Transforma-me também

Em chagas e lágrimas.

 

Não filho, não entendestes.

Beber da Rocha

É ser a um só tempo

Vida e morte

Cruz e Ressurreição

Sofrimento e Glória

Terra e Céu.

Porque para os que bebem de mim

Todas as muralhas já caíram

O mar já não existe

É Plenitude dos Tempos

Fogo que destrói a Noite

Nuvem que traz a paz.

 

Ouvi, Senhor, Tua Palavra e temi.

Quero beber cada dia da Rocha ferida.

E cada momento na terra, que ainda me resta

Será meu momento no céu.

O Jornaleiro

PRAZO PARA USAR O BANHEIRO

Publicado em 3 de abril de 2014

trabalhadores china

A notícia vem de Xangai, na China. “Centenas de trabalhadores de uma fábrica ficaram revoltados com a limitação do tempo para ir ao banheiro e a promessa de adoção de multas no caso de atraso.”

“Um segurança da empresa disse que os funcionários entraram em greve para protestar contra as novas regras da companhia.”

“Os trabalhadores exigiam a retirada de exigências rigidamente ridículas que estipulam que os trabalhadores têm apenas dois minutos para ir ao banheiro.”

Observem a situação dos operários chineses. Muitas pessoas estão sofrendo injustiças absurdas em muitos lugares do mundo e também do Brasil.

Um provérbio chinês: “Eu reclamava de não ter sapatos e encontrei um homem que não tinha pés.”

Costumamos olhar para os que estão em melhores condições do que nós, queremos chegar onde eles estão, chegamos até a sentir inveja deles.

“Uma pesquisa aponta que um terço dos usuários do Facebook se sentem mal, deixam de usá-lo, por sentirem inveja ao verem como seus amigos ou outras pessoas estão em situação bem melhor que a deles.”

A pesquisa também diz que ao olharem outras pessoas em situação mais vantajosa elas passam a ter sentimentos de infelicidade e solidão.

“Um estudo realizado em conjunto por duas universidades alemãs encontrou uma inveja desenfreada no Facebook, a maior rede social do mundo, que agora tem mais de um bilhão de usuários e produziu uma plataforma inédita para comparações sociais.”

Essas notícias, grifadas com “aspas” foram extraídas do Jornal Estado de São Paulo, dos dias 23 de janeiro, páginas B5 e B12, respectivamente.

No lugar de olharmos para os que estão melhores, acima de nós, deveríamos olhar para os que estão abaixo.

Certamente os trabalhadores chineses de uma fábrica que produz bobinas eletromagnéticas não tem inveja dos que estão em melhores posições, por que não tem tempo para observar o que está acontecendo ao seu redor, e nem para bisbilhotar a vida dos outros através do Facebook.

A lição é importante para nós que reclamamos de tudo. Se frio ou calor, sol ou chuva, se a comida está boa ou ruim, se a roupa é adequada ou não, se somos ou não convidados para determinada festa.

E na Igreja então, nem se fale. O descontentamento é geral. Nem vamos detalhar as mais diversas reclamações que ouvimos regularmente.

Não conseguimos aceitar as coisas como são, queremos mudar, de acordo com nossos gostos. Oriento a liderança da igreja para que eles quando vierem com um problema, já venham também com solução.

A proposta de solução deve ser exequível, objetiva, e quem as dá, deve estar pronto para executar o que propõe.

Mas voltemos para as reclamações que todos nós fazemos. Quantas durante o dia, ao final do mês ou do ano, quantas serão?

Diante de tanto sofrimento que vemos desfilando aos nossos olhos através dos meios de comunicação em massa, será que temos o direito de reclamar?

Quanto que pecamos quando reclamamos?

Em I Coríntios 10.10 diz, “Nem murmureis como alguns deles murmuraram e foram destruídos pelo exterminador”.

O texto acima nos remete para o ocorrido em Números cap. 16 vs 41 a 49.

“Se morrerem estes como todos os homens morreram e se forem visitados por qualquer castigo como se dá com todos os homens, então, não sou enviado do Senhor”

“Mas, se o Senhor criar alguma coisa inaudita, e a terra abrir a sua boca e os tragar com tudo o que é seu, e vivos descerem ao abismo, então conhecereis que estes homens desprezaram, ao Senhor.”

“E aconteceu que acabando ele de falar todas estas palavras, a terra debaixo deles se fendeu, abriu a sua boca e os tragou com as suas casas, como também com todos os homens que pertenciam a Corá e todos os seus bens.”

“Eles e todos e os que lhes pertenciam desceram vivos ao abismo, a terra os cobriu, e pereceram no meio da congregação.”

“Todo o Israel que estava ao redor deles fugiu do seu grito, por que diziam: Não suceda que a terra nos trague a nós também.”

Que o bom Deus nos ajude a não murmurar, seja qual for a situação, a propósito, acabei de tomar um café quente, quase queimei meus lábios, será que conseguirei louvá-lo, Senhor !!!

O Jornaleiro

A VOZ DO AMOR

Publicado em 25 de março de 2014

DSC02781  Ouvir a voz, mas não palavras, só voz. Doce como um lírio, suave como uma  fonte saindo da rocha bruta, terna como uma pétala de flor, mas forte como o  trovão, como o troar de muitas águas levantando-se em ondas gigantescas, firme,  determinada, serena, assim é a voz do amor.

Podemos perceber que ela vem do vento quando balança suavemente as copas  das árvores, dos passos suaves pisando bem de mansinho um caminho de folhas  secas, sons quase imperceptíveis, mas que penetram no mais fundo da alma e ali  encontram o seu aconchego.

No som da flor ao exalar perfume. Será que podemos ouvir esse som? Ele existirá? Evidente que sim, mas quem o ouvirá? Por certo será tão lindo como a própria flor que desabrocha, e tão penetrante quanto o seu perfume.

Ela está nos cabelos em desalinho da amada, nos pesinhos pequeninos de um bebê, no riso franco do gentil de um senhor grisalho alquebrado pelos anos.

Ela está em toda parte, ao alcance de todos os mortais, é o som do vento impetuoso e forte que enche o cenáculo quando cento e vinte discípulos estavam reunidos, joelhos no chão, coração em soluços, com suplicas e salmos.

Está lá no monte Horebe fumegando, tremendo, sob o poder do Onipotente que fala com Moisés e lhe transmite sua lei gravadas em pedras, mas feitas para o coração.

Está nos espinhos ferindo a fonte do Redentor, no corpo esquálido pendurado numa cruz, impotente e sendo o Todo Poderoso, vencido e sendo o vencedor, oprimido quando libertador, sem lágrimas no rosto, mas peito aberto em ferida atroz, ferida que me salva.

Ela vem de um lugar, além das estrelas, além de todas as galáxias, de uma luz impenetrável, inacessível, mas envolve todo o universo e tudo que há alem dele, atinge os anjos e até os demônios, porque os suporta até o momento final, quem sabe na esperança de que para eles também venha o arrependimento.

Nas densas florestas, nos vales profundos, nos abismos do oceano ali ecoa nas algas, recifes, correntes marítimas, peixes grandes ou pequenos – a voz do amor.

O mortal que ouvi-la não será simplesmente homem, será filho adotivo de Deus, atingido pelo toque divino vindo dessa voz que supera a música, poesia, arte, tudo de belo, inamovível, ou que possa se mover ou existir.

Então, sob o toque do som dessa voz, que é dedo, mão de Deus, – que sem palavras, ama, – passa também a falar a mesma voz, confundindo-se criatura com criador, pai com o agora filho, abraçados na reconciliação do céu com a terra, – “ABA, PAI”.

Não é o mesmo homem, nem poderia ser, porque o ódio foi vencido, a inimizade desfeita, seus olhos carregam o brilho da luz inconfundível que existe alem do sol e das estrelas.

Suas mãos se estendem ao fraco e necessitado, vestindo suas chagas purulentas, interpretando seus gemidos lacerantes, caminhando pela multidão, já não mais simplesmente falando, mas expressando.

É mais que um quadro de arte, mais que uma paisagem bucólica, muito mais que um céu repleto de nuvens multicores, é o Cristo Redivivo na vida de um mortal.

Não só ouve, fala ou expressa, mas interpreta. Agora são sons claros, altissonantes, cheios de vidas e de significado, – “Deus ama, derrama-se em libação de sacrifício” – e eu sigo essa voz que me encanta, que não me deixa viver mais a minha vida, mas a vida daquele que me amou.

“Já não mais eu vivo, mas Cristo vive em mim”.

P.S. Para minha menina, Wilma, de dezesseis anos, do Morais Pacheco, que hoje, 25 de março, faz 68 anos. Descobri-la, também foi descobrir e ouvir a voz do amor, “havendo Deus falado de muitas maneiras”, ainda hoje fala de muitas maneiras.

Ficção Científica virou Ciência de fato?

Publicado em 12 de março de 2014

Computador Neuro

Extraí esse título de um artigo de José Pastore no Estado de São Paulo de 11 de fevereiro do corrente ano.

Diz ele que: “Está quase pronto o computador que imita as sinapses do sistema nervoso central dos seres humanos e, por isso, “pensa”, toma decisões e corrige seus próprios erros.” Ainda diz mais: “Em menos de dez anos, os computadores neuromórficos farão parte da rotina do Primeiro Mundo”. Isto nos leva a pensar: “será que tudo que vemos como fruto da imaginação humana, poderá vir a ser realidade?”

Quando Deus condena a raça humana ao dilúvio, nos dias de Noé, Ele o fez porque a imaginação humana era continuamente má. Teria o homem mudado? Sua imaginação passou a ser boa? Não pretendemos dar respostas, mas levantar questões.

Em 1960, um escritor escreveu um livro cujo título é “Cibernética e Sociedade”, em que já profetizava o avanço das tecnologias do futuro. Esta notícia, note-se, não é um mero comentário, trata-se de algo que está acontecendo: cada vez mais o homem está criando em laboratório um homem cibernético. A proposta é substituir o homem pela máquina.

A princípio isto pode parecer notável, mas que consequência terá em termos de trabalho? Quantos operários perderão suas funções, substituídos por máquinas, cópias de seres humanos que operarão com uma perfeição maior que os humanos, chegando até a superá-los? Qual impacto disto na sociedade? Quem perderá e quem lucrará? Haverá uma distribuição maior da riqueza ou uma maior concentração dela nas mãos de poucos? Que acontecerá com a massa populacional ociosa? A resposta é óbvia, tente encontrá-la.

Enquanto o homem avança em seu conhecimento, ele, no lugar de trazer esperanças de um futuro promissor, traz apreensão, medo e insegurança. O autor de “Cibernética e Sociedade”, questiona a visão que a sociedade tem do progresso, de que ele é bom e deve ser buscado a todo custo.  Diz ele que o progresso destrói.

Andando em um taxi pelas ruas da capital paulista, o motorista dizia que o paulistano ressentia da falta de árvores na cidade e apontava para os grandes arranha céus dizendo: “Não temos mais como crescer, agora é só construção vertical.” O quadro aqui delineado aponta para entropia, um termo usado em “Cibernética e Sociedade”. A entropia é tudo girando para dentro de si mesmo, provocando o caos e a desordem. O egoísmo do ser humano voltando-se unicamente para si é uma entropia. Não se importa com a felicidade do outro. Ignora quem está ao seu lado, gerando sua própria morte, porque tudo que gira para dentro caminha para a destruição.

Os grandes avanços tecnológicos buscam o progresso sem se importar com suas consequências, tornando o que era ficção uma realidade. Constroem homens de fios, metais, um mundo de “chips” que substituirão o homem, e tudo visando poder e riqueza. O ser centrado em si, para que tenha poder e domínio sobre os seus semelhantes.

A entropia provocará uma implosão, acionada pelo homem, mas comandada por Deus que no tempo certo irá fazer esse planeta desintegrar-se em chamas. E isso concorda com a linguagem usada pelo apóstolo Pedro para o apocalipse: “os elementos ardendo se desfarão”. O grande final está sendo anunciado a toda hora, mas os cristãos permanecem mais brasileiros do que nunca, “dormindo em berço esplendido”.

“Vigia e orai, por que não sabeis o dia, nem a hora.”

O Jornaleiro

Deixa o Senhor te guiar!

Publicado em 8 de março de 2014

Direção de DeusProfeticamente,

O Senhor fala com você,

“Mostrar-te-ei o caminho que deves seguir”,

“Guiar-te-ei com os meus olhos”.

Promessa de Deus para sua vida,

Deixe Ele te guiar.

Você tem procurado andar a seu modo,

Fazer do seu jeito,

Mas olhe no que está dando,

É seu jeito,

Não o dele.

Quando Ele guia,

A nuvem clara aparece no seu céu,

Uma estrela brilha na sua noite,

Claramente você vê,

Por é Ele a lhe falar.

“Aquietai-vos e sabei que Eu sou Deus”,

Sua voz sempre traz calma,

Ela é serena e doce,

Cai na alma como o sereno da manhã.

Deixe o Senhor te guiar,

Sua mão, vai segurar na sua mão,

Conduzirá aos pastos verdejantes,

Às águas tranquilas.

Ouça o marulhar do riacho,

O farfalhar das folhas do campo,

Seus passos doces se aproximam de você,

“No meio de tantos, lhe escolhi”

Na multidão eu vi você,

Deixe o Senhor te guiar.

Você está precisando tomar uma decisão,

Escolher um caminho,

Quer um norte,

Não duvide,

“guiar-te-ei com os meus olhos”.

Sabe o que isto quer dizer?

Dar-te-ei os meus olhos

E verás,

Ainda que tudo sejam trevas,

Trevas e Luz é para mim a mesma coisa.

A seta que lhe mostra o rumo,

Surgirá a sua frente,

Mostrando se direita ou esquerda,

Se norte ou sul,

João ou José,

Maria ou Madalena,

Medicina ou Magistério,

Empresa A ou X,

Deixa o Senhor te guiar.

O Jornaleiro

A FEIRA DAS DROGAS

Publicado em 6 de março de 2014

FEIRAS-LIVRESMinha esposa costuma ir à feira todas as quartas feiras. Até conheço o nome dos feirantes e os imagino como serão, em meu imaginário. É o João Guaianás, o seu Luiz, O Marquinho, a dona Luzia do abacaxi.

Estou bem acostumado em pensar em uma feira de pepinos, abacates, tomates, e tantos outros legumes e frutas. Fico, entretanto, surpreendido pelo que li no Jornal Estado de São Paulo, 18 de fevereiro do corrente ano, na pagina A3 :

“A feira livre de drogas na Rua Peixoto Gomide, nas imediações da Avenida Paulista…”

“A feira que ocupa uma quadra da Peixoto Gomide, entre as Ruas Augusta e Frei Caneca, funciona todas as noites, com maior intensidade nas de sexta-feira e no sábado. “ “Ali se concentram adolescentes e jovens que não podem frequentar as casas noturnas, onde só é permitida a entrada de maiores de idade”. “Os traficantes circulam nas calçadas e entre os carros oferecendo aos gritos maconha, cocaína, ectasy, LSD, lança-perfume GHB em gotas, um anestésico também usado como estimulante sexual.”

“A liberdade com que (esse comércio) é praticado inclui facilidades de pagamentos”

“Quem não tem dinheiro vivo pode pagar aos traficantes com cartões de débito ou de crédito em loja de conveniência de um posto de gasolina próximo.”

Assim caminha a humanidade, de abismo a abismo. O poder estatal não consegue deter essa onda avassaladora de drogas vendidas publicamente, aumentando o contingente de dependentes químicos.

Li um livro de autor judeu, Emmanuel Levinas,  sobre cinco novas interpretações talmúdicas. A certa altura pergunta-se – o mundo está se desmoronando, qual o papel do povo de Israel, como povo de Deus?

Se há um povo de Deus no mundo, esse povo deveria conter o mal e estabelecer a ordem em meio ao caos. Porque não o faz? Responde o texto do Talmude, porque o povo deixou de ser vinho para ser vinagre.

Porque se tornou vinagre? Responde o Talmude, por que o povo deixou crescer espinheiros na vinha.

Ao ouvir a exclamação “Vamos cortar os espinheiros”, o rabino responde “Deixemos que o proprietário da vinha faça isso”.

Aplicando isto a Igreja, vamos observar que os seguidores de Cristo deixaram a muito de ser sal e luz. Sal para conter a corrupção e luz para iluminar as vidas em trevas.

A igreja não tem conseguido executar seu papel no mundo. Será que Emmanuel Levinas pode nos dar a resposta, embora esteja falando sobre o povo judeu – não somos mais vinho, mas vinagre?

A Bíblia compara a igreja como  vinha de Deus, Jesus nos comparou a galhos de uma videira. Só estando nele daremos frutos e se não estivermos nele seremos podados e lançados ao fogo.

Este é o ensino de Jesus Cristo. Enquanto a ousadia do homem sem Deus chega ao ponto de promover em pleno centro da capital paulista uma feira de drogas, os cristãos não sabem orar, os cultos de oração são de pouca frequência, algumas reuniões de oração se convertem em louvor e discurso bíblico.

Só uma igreja de joelhos conseguirá conter o avanço da impiedade. Quando Cristo diz “Quando o Filho do Homem vier, achará fé na terra”, ele o diz após contar a parábola da viúva que importuna o injusto juiz. O contexto da frase de Jesus sobre a fé é a oração.

Ninguém pode dizer que tem fé, se não ora, se não se ajoelha na presença de Deus, chorando pelo mundo perdido. Não haverá esperança para o mundo, se a igreja não orar.

Se há uma feira de drogas em plena capital paulista não é porque há uma ausência de Deus, mas uma ausência de nós, que nos dizemos cristãos, à oração.

Estive na celebração dos cem anos do pastor Enéas Tognini. Todos os presentes recordaram os grandes feitos desse gigante da fé, mas se esqueceram de que nos áureos dias de avivamento, quando o poder do Espírito Santo varria a terra brasileira, do Oiapoque ao Chuí, atingindo metodistas, batistas, presbiterianos, luteranos, o brado do incansável servo de Deus era : Muita oração, muito poder, pouca oração, pouco poder, nenhuma oração, nenhum poder.

De joelhos igreja, porque só de joelhos o Espírito do Senhor levantará sua bandeira contra o inimigo que vem como torrentes de águas.

“Quando o inimigo vier como torrentes de água, o Espírito do Senhor levantará contra ele a sua bandeira”.

O Jornaleiro.

O Evangelho segundo Simão, o mago

Publicado em 27 de fevereiro de 2014

spedroAtos cap. 8 vs.9 a 13 e vs. 18 a 24 relatam sobre Simão, um mágico que aparentemente se converteu e foi batizado e que vendo Pedro impor as mãos para que pessoas recebessem o poder do Espírito Santo, quis comprar esse dom, sendo severamente repreendido.

Há relatos não bíblicos de que este Simão se apostatou da fé e criou uma religião que procurava imitar o evangelho, principalmente os dons espirituais.

Não deixa de fazer sentido observando-se a conduta deste homem que queria ter o dom para usa-lo em proveito próprio. Como não o conseguiu através de Deus, enveredou-se pelo caminho das trevas e deve ter logrado algum êxito.

Simão tornou-se, ainda segundo relatos não bíblicos, um falsário de dons, sendo usado pelo maligno para enganar os incautos.

Este poder de engano tem acompanhado a igreja pelos séculos a fora. O espírito maligno que dominou a vida de Simão o mago, continuou formando seguidores que sistematizaram um evangelho mágico, produzindo não por Deus, mas pelos principados e potestades de que nos fala a carta aos Efésios.

Assim como os magos do Egito imitavam os milagres feitos por Moisés, os seguidores de Simão o Mago, imitam dons espirituais.

Eis um relato interessante que transcrevo extraído de “Guerra contra os Santos”, escrito por Jessie Penn-Lewis, publicada pela primeira vez em 1912 :

“Os resultados do Reavivamento do País de Gales, que foi uma verdadeira obra de Deus, revelaram várias almas sinceras sendo levadas e seduzidas por poderes malignos sobrenaturais, que elas foram incapazes de discernir como não sendo obra de Deus”

“Já que os espíritos malignos podem imitar a Deus como Pai, o Filho e o Espírito Santo, o crente precisa conhecer muito claramente os princípios sobre os quais Deus opera, para distinguir entre as obras divinas e as satânicas.”

Há uma enxurrada de modismos e de novas doutrinas varrendo as igrejas e que é um movimento orquestrado e sistematizado dos espíritos malignos semelhantes ao que atuaram em Simão, o Mago.

Também ocorrem imitações de operações do Espírito Santo, de carismas, dons espirituais, que seduzem aqueles que estão ávidos por algo miraculoso e sobrenatural.

As operações do Espírito Santo, os dons, são bíblicos e são ofertados aos fiéis como ferramenta de trabalho e não como espetáculo. O cristão verdadeiro precisa estar buscando discernimento quanto a isto, por que se não vigiar pode estar sendo iludido ou seguindo o evangelho mágico.

Os seguidores de Cristo devem estar observando sempre as vidas que pregam o evangelho ou que são usadas com carismas. São pessoas que renunciam, oram com intensidade, buscam a santificação, procuram a glória de Deus, não fazem alarde dos seus dons, não se valem deles para se promover?

Numa reunião de avivamento o povo ficou encantado com certo pastor que disse que foi arrebatado e conversou com Paulo. Pouco tempo atrás encontrei um cristão que lembrava empolgado desse relato. Não tive coragem de dizer-lhe que o referido pastor arrecadava dízimos de pessoas incautas, doentes terminais, senhorinhas com dinheiro na poupança, para uso próprio. Ele foi disciplinado pela nossa denominação.

Os dons espirituais não foram restritos aos tempos apostólicos, eles só se findarão com a volta de Jesus, mas no meio do trigo há o joio, no meio do verdadeiro, o falso.

O que distingue um do outro é a procedência, do Espírito Santo ou dos espíritos enganadores, das vidas santas, genuinamente convertidas, ou das vidas que praticam o pecado, das que vivem para glória de Deus ou das que vivem para sua própria glória. “Pelos frutos se conhece a árvore”.

Outra distinção importante é o ensino, o evangelho puro ou o falsificado.

O puro é o ensinado por Jesus e pelos apóstolos. Se Jesus ensinou prosperidade, esse é o puro, se ele viveu na prosperidade, esse é o puro. Se Jesus ensinou que a felicidade está atrelada ao temporal, esse é o puro. Se ele ensinou que não teríamos aflições neste mundo, mas só felicidade, esse é o puro. Se ele não combateu o pecado, o que não combate, é o puro.

Tudo que apareceu “de novo” de 50 anos atrás até aqui é falsificado, não se pode deixar 2000 anos de teologia, dos ensinos dos pais da igreja, Orígenes, Agostinho de Hipona, Lutero, Calvino, e tantos outros, por ensinamentos que não resistem a uma exegese honesta e séria dos textos bíblicos originais.

A receita que dou para os que querem dons espirituais e que às vezes procuram-nos em outros, ou são seduzidos pelos que os outros têm, é que busque para você, para sua vida, para que o seu dom seja um instrumento de conversão de pecadores, por que nosso objetivo é esse dar frutos, trazer pessoas aos pés de Cristo.

Mas é preciso trabalho de parto para que o dom venha à luz,  horas de oração, leituras, estudo bíblico, serviço abnegado, busca das virtudes de Cristo, bondade, humildade, mansidão, temperança, domínio próprio, pureza, santidade, renuncia, estar sob autoridade a igreja e de pastor que exemplifique Cristo.

Escolha o caminho íngreme, difícil, uma montanha a ser escalada, ou escolha ser simpatizante, admirador ou seguidor do evangelho mágico, de Simão, o mago.

O herói salvador aparece a cada esquina, propondo soluções e porções mágicas, vigie e ore sem cessar, e que Deus tenha misericórdia de todos nós.

O jornaleiro.

Meu amigo Nilson Carielo

Publicado em 26 de fevereiro de 2014

Nilson CarieloMeu amigo está doente. Minha ovelha na igreja, mas meu amigo no coração. Ele não pode ler o que estou escrevendo, mas quem sabe, por esses milagres absurdos que só Deus pode realizar, essas palavras não estão entrando em seu coração agora.

Está na UTI, respirando por aparelhos. Não aguentava ver meu pai nesta situação, não suporto pensar nele vivendo esse momento, dói-me a alma.

Não é de hoje que ando com seu Nilson. Ele gostava de brincar “agora eu estou aposentado”. Nunca o vi triste. Só ficava bravo, de vez em quando, com as injustiças do governo.

Estou orando todo dia, várias vezes no dia, por ele. Não posso me ajoelhar sem lembrar-me dele.

Foi meu padrinho de casamento. Uma honra para mim, tanto que uma emoção forte me domina quando falo disso. Não foi pelo presente, que foi um presentão, mas pela presença dele.

Vi seus filhos crescerem. O Marcos e a Marcia. Com o Marcos joguei bola e rodei pião no terreno da casa do seu José.

Não havia muros naquele tempo. Tábuas de balaustre separavam uma casa da outra, e do terreno da casa do seu José se avistava Nilson e Delfina.

Ele chamava naquele tempo a Dona Delfina de minha deusa, e creio que ela foi sempre para ele uma mulher especial.

Os filhos talvez possam reclamar, eles sempre reclamam, mas Dona Delfina não tem do quê.

Seu Nilson depois de aposentado sempre trabalhou, no cinema, na feira, e fazia bicos durante o carnaval.

Um homem assim não se acha em qualquer lugar, honesto, trabalhador, bom marido, bom pai, bom amigo.

Quer exemplo de amigo e vizinho – Nilson Carielo.

Ferroviário como meu pai, meu sogro, o Gildo, sim o Gildo, quando encontro com ele, gosto de bater um papo, e como ele fala bem dessa dupla, José e Nilson.

Desciam juntos, ladeira a baixo. Lembro da voz do seu Nilson, chamando-o logo de manhã para o serviço “Vamos seu José,tá na hora”.

Quem sabe agora não é seu José chamando “Vamos seu Nilson, tá na hora”.

De todas as pessoas que visitei com pastor Davi, em dezembro passado, seu Nilson foi o que se mostrou mais otimista em relação a morte.

Alegre como sempre, conversamos sobre o assunto, e ele se mostrou receptivo, preparado para a grande travessia.

“Ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque tu estás comigo”.

Mas não quero que seu Nilson se vá ainda, por isso peço que todos os que estão lendo o meu blog, orem por ele, para que ele vença mais etapa da sua vida, mas se o imprevisível acontecer, orem para que vá descendo a ladeira que vai para as oficinas da Noroeste.

A ladeira que vai para seu norte fanal, conversando animadamente, contando coisas que nos fazem rir, não importa o que aconteça com ele, se for ou ficar, ele sempre é meu amigo Nilson, com tiradas inteligentes que nos alegram, ele é, sempre será uma inspiração para sermos operosos, honestos, bons amigos, bons vizinhos, chamando nossas esposas de nossa deusa.

Nilson espere um pouco mais para me dizer – “agora eu estou aposentado”.

O Jornaleiro

Cristo, um herói salvador?

Publicado em 21 de fevereiro de 2014

Estatua Augusto CésarCristo é diferente de tudo quanto possa existir. Ele não oferece soluções mágicas, isto é, sem um preço a ser pago.

Para segui-lo é preciso renunciar tudo, até pai, irmãos, amigos, se necessário.

Ele não promete facilidades, mas uma cruz. “Se alguém quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me”.

Não há promessas mirabolantes no evangelho, pelo contrário, há um realismo chocante, o cristão tem de enfrentar inimigos terríveis, como a carne (paixões terrenas), o mundo, e o diabo.

Você pode estranhar que eu tenha mencionado o diabo, mas Cristo logo após ser batizado por João no Jordão, e ter jejuado por quarenta dias enfrentou uma ferrenha tentação feita por ele, o diabo, em pessoa.

Pensemos no mundo como o nosso inimigo. O que ele nos oferece? Riquezas, lazer, poder, glória humana, só essas já bastam para se notar que os heróis salvadores oferecem justamente isso.

A Bíblia diz “Não ameis o mundo e nem o que no mundo há”. Não ameis as riquezas, o lazer, o poder, a glória humana.

Cristo chega ao ponto de dizer – “Se alguém quiser vir após mim, negue-se a si mesmo.”

Fica claro que as propostas de Cristo, são totalmente diferentes das propostas de um herói salvador, seja ele líder político ou religioso.

Cristo também não se preocupava com popularidade, nem com numero. Após multiplicar pães e alimentar multidões, elas queriam aclamá-lo rei. Ele, então, prega uma mensagem poderosa se apresentando como o pão que desceu dos céus, e quem quisesse ser salvo teria que comer desse pão, isto é, imitá-lo em sua santidade e simplicidade.

A multidão não gostou e se dispersou. Restaram só os discípulos. Ele se volta para eles e diz, “Vocês também não querem ir embora?”

Ao que Pedro responde – “Para quem iremos nós, só Tu tens palavras de vida eterna”.

Nenhuma semelhança, portanto, com os heróis salvadores do nosso tempo, que fazem questão de número e de popularidade, que não combatem o pecado, por que se o fizerem perderão adeptos.

Cristo nunca teve medo de perder adeptos, o compromisso d`Ele era com a verdade. Aliás, a verdade, Bíblia Sagrada, que retrata o próprio Cristo, chamado de Verbo (Palavra), no prólogo de João, é comparada a uma espada de dois gumes, que penetra até a divisão da alma e do espírito.

A verdade deve ferir, porque o homem ao ser atingido por ela, vê quão indigno é, vê que precisa de Deus e cai de joelhos aos pés do Redentor.

O orgulho humano não quer dobrar-se, por isso, no lugar de buscar o caminho, verdade e vida, elege um herói salvador, para ser seu tutor, seu ícone, seu deus, porque vê num apóstolo, profeta, pastor, bispo, deputado ou senador, aquele que vai resolver seus problemas pessoais e materiais, esquecendo-se de que tem uma alma eterna, e que ela sim é que é importante.

“O que adianta ao homem, ganhar o mundo todo e perder a sua alma”, ensinou-nos Jesus.

Cuidado com os heróis salvadores, eles podem ser seguidores de Simão o Mago, um espírito maligno sistematizador de um evangelho mágico, mas isto é história para o próximo artigo.

O jornaleiro.

 

O HERÓI SALVADOR

Publicado em 20 de fevereiro de 2014

O carisma Interessante um título do articulista da Folha, Fabio Andriguetto – “Desejo de herói salvador não  mudou desde Hitler”, comentando o livro de Laurence Rees, intitulado o “Carisma de Hitler”.

O homem sempre sente uma dependência de alguém que aparece e resolva todas as coisas por ele. A  sociedade como um todo acaba por personificar esse sentimento de dependência e busca por líderes  que consigam catalisar esse anseio popular da solução mágica para todos os infortúnios.

Transfiramos isto para o mundo religioso e vamos notar que a maioria da massa popular que almeja  respostas imediatas para suas mais variadas necessidades acaba criando um mundo de fantasia, de  faz de conta, já que a realidade às vezes é insuportável.

O herói salvador vai aparecer como um comandante político ou religioso. Ambas as figuras são  nefastas e só apresentam soluções mágicas que, infelizmente, são logo abraçadas pelas multidões  crédulas.

Não é preciso citar nomes. Eles estão presentes no mundo mediático, são heróis do mundo político e do mundo religioso.

Seria bom notarmos uma sábia frase popular: “devagar com o andor que o santo é de barro”. As pessoas deixam de ver que quem está atrás da promessa, religiosa ou política, é de barro e acabam vendo o herói salvador como um deus.

A Bíblia diz – “Maldito o homem que confia no homem”.  O homem consciente, principalmente o cristão esclarecido – veja a que ponto chegamos: cristão esclarecido – deve duvidar de toda promessa humana, porque, afinal, nossa confiança repousa unicamente em Deus.

Pessoas podem usar a Bíblia para fazer promessas bíblicas, mas não nos esqueçamos que não vai ser o proclamador da promessa que vai cumpri-la, e sim, o Autor da promessa.

Assim sendo, toda glória deve ser ao Autor e não ao propagador da promessa. Se a promessa vai se cumprir ou não, sempre dependerá de um ato soberano de Deus.

Se tal enunciado é verdadeiro, então, devemos ir direto a fonte, porque a Bíblia nos ensina que nenhum mediador há entre Deus e o Homem, senão Jesus Cristo, o homem.

À medida que se aproxima o aparecimento de um líder mundial previsto nas escrituras, principalmente na carta de Paulo aos Tessalonissenses, o sentimento de um herói salvador aumenta no ideário popular.

Falta apenas uma crise de grandes proporções para que isto se consolide. O cenário está armado e falta apenas um pequenino detalhe. O que acontecerá com multidões de almas crédulas que tem abraçado um evangelho mágico, o evangelho de Simão o mago, que nunca deixou de existir, que vem dos tempos apostólicos?

Elas vão migrar para o culto ao herói salvador, forjado por sentimentos de insatisfação, de sentimentos e desejos não realizados, por sonhos frustrados, de pessoas que nunca encontraram o verdadeiro Cristo – “Se alguém beber da água que eu lhe der, nunca terá sede”. Ele é o fim de todas as insatisfações, porque toda realização se dá naquele que é o Alfa e o Ômega, o principio e o fim.

Mas qual seria a diferença de Cristo para um herói salvador? Não teria sido Ele um herói Salvador?

Aguarde o próximo texto.
Até lá.

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