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ALIENADOS

Publicado em 7 de maio de 2020

Alienados (1)No meu último artigo – Autoridade Espiritual – citei um dos personagens mais ilustres da nossa história: Rui Barbosa.

O editorial do jornal O Estado de São Paulo, para surpresa minha, na edição do último domingo, fez menção ao seu nome, ao seu espírito patriótico e combativo, a ponto de se candidatar para presidente em 1919.

Viu, no entanto, frustrado seu intento com a eleição vitoriosa de Epitácio Pessoa.

Não se rendeu, continuou lutando por sua utopia democrática, acreditando que “o governo do povo, pelo povo e para o povo” iria, um dia, triunfar.

Transcrevo uma frase do editorial:

A democracia é um regime exigente porque demanda que cada um dos cidadãos assuma sua responsabilidade na construção da nação… Cada cidadão deve assumir a sua responsabilidade na construção da nação”. Era o discurso de Rui, que embora derrotado, jamais deixou de acreditar em sua utopia.

Devemos não confundir o Estado com a pessoa que o governa. Não é a vontade de quem governa que deve prevalecer, mas os interesses republicanos que devem personificar a vontade do povo.

A frase de Luiz XIV, o rei sol, – “L`etat cèst moi” – “O estado sou eu” – “significa a centralização do poder real e absoluto do monarca na sua pessoa, sem quaisquer limites institucionais reconhecidos”.

Quando cidadãos polarizam posições políticas, endeusando líderes de partidos ou correntes ideológicas, investem esses líderes de um poder ilimitado, por aceitar como verdadeiro tudo o que eles falam, sem um juízo crítico.

No Brasil de hoje, temos ferrenhos seguidores de Lula, assim como de Bolsonaro e, se aparecer outro, certamente o seguirão com a mesma cegueira e determinação, sem nenhum compromisso com a ética, a verdade e o bom senso.

Estes são os alienados.

Digna de realce é a manifestação do pastor Silas Malafaia pelo Twitter, sexta feira (24/04/2020) – “Inacreditável!…Sou aliado, mas não alienado.”

Votei em Lula, mas não sou seu fanático seguidor, votei em Bolsonoro, mas não sou bolsonarista.

Quando voto, procuro ver o homem, sua ética e suas ideias, suas propostas de governo, mas se falharem com o país, não serei um animador de auditório que aplaude, dança e ri, sem nenhum compromisso com uma comunicação verdadeira e ética, este, pelo menos, ganha pelo seu desempenho, enquanto a massa informe, apenas transforma seu engajamento político em religião, fazendo dos seus líderes deuses, como faziam os romanos e como fazem os países totalitários.

Percebe-se da igreja a mesma tendência com pró-Lula contra pró-Bolsonaro e vice-versa. Estão esquecidos da terrível sentença bíblica: “Maldito o homem que confia no homem”.

Pastor Malafaia quando declara: “sou aliado, mas não alienado” mostra que ele é um ser pensante não um teleguiado. Assim deve ser o cristão – um ser pensante. Se a palavra diz que devemos meditar na palavra e Jesus diz que nós devemos prestar atenção aos sinais dos tempos, significa refletir, examinar, nos valendo da revelação objetiva e subjetiva, do nosso juízo equilibrado e imparcial, que Deus nos tem dado.

Nossa esperança é unicamente Cristo, antes de sermos cidadãos da terra somos dos céus, esperamos uma pátria futura, uma cidade cujo artífice e construtor é Deus.

O prazer do justo não está em querelas políticas, mas na lei do Senhor, nela ele medita dia e noite.

Completando – Efésios 5.18 – “Vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porque os dias são maus”.

Segundo o texto, quem é sábio? Sábio é o homem que sabe aproveitar seu tempo, usando-o para ampliar seus horizontes intelectuais e espirituais, aplicando-o na modelagem de um caráter justo, puro e temente a Deus. De modo algum devemos nos dedicar à discussão estéril que nada nos acrescenta, pelo contrário, depõe contra nosso testemunho cristão.

Portanto, ouçamos a palavra divina e andemos não como néscios (alienados), mas como sábios.

O JORNALEIRO
07/05/2020

AUTORIDADE ESPIRITUAL

Publicado em 28 de abril de 2020

03 Autoridade EspiritualO digníssimo senhor presidente da república convocou ministros e líderes evangélicos para fazerem um jejum nacional em face da pandemia do covid-19. Uns se manifestaram favoráveis, outros não. Alguns reagiram com paixão na defesa de suas ideias.

Este fato merece reflexão. Confesso que não sou contra aqueles que aderiram à ideia, mas procurei manter uma posição equidistante do problema.

Votei no digníssimo presidente, mas não estou alinhado a nenhuma ideologia política, seja ela da direita ou da esquerda. Por esta razão me sinto muito à vontade para comentar o assunto, sempre ressaltando que não sou contra os que aderiram à convocação.

No velho testamento, a liderança espiritual era nitidamente separada da liderança secular. Havia os sacerdotes, os profetas alinhados ao sagrado e o rei que regia os negócios de estado.

Notamos que autoridade espiritual é algo bastante sério. Sacerdotes e profetas eram os hermeneutas da lei, a última palavra sobre o que estava relacionado com o santo era com eles. Foi Deus quem instituiu a diferença entre autoridade espiritual e autoridade secular.

Não devemos esquecer que por muito tempo a Igreja estava vinculada ao Estado. Esta foi uma das causas da reforma. Durante a Idade Média, justamente chamada de “Idade das Trevas”, eram os papas que influenciavam e até dominavam os reis.

Um alto preço foi pago para estabelecer uma divisão desses dois poderes. No Brasil, por muito tempo, a igreja católica influenciava os negócios de Estado. Um grande homem, Ruy Barbosa, tenazmente levantou-se contra esta situação, sendo dele a seguinte frase “o crente emancipado na Igreja, a Igreja livre do Estado, o Estado independente da Igreja”.

Convém salientar que Ruy Barbosa é figura querida entre os batistas brasileiros, conforme farta documentação no jornal batista da CBB.

O Estado laico é uma das grandes conquistas do direito moderno.

Jesus Cristo, nosso Senhor, disse “dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, estabelecendo, nas escrituras, a imperiosa necessidade de uma divisão entre sagrado e secular.

Mesmo quando um chefe de Estado faz um comando para a Igreja, com aparência de piedade, devemos ser cuidadosos, procurando atentar que o Anti-Cristo será reconhecido mundialmente como uma autoridade espiritual e secular ao mesmo tempo.

Diante do exposto, o que deveria ser feito?

O digníssimo senhor Presidente da República deveria chamar a maioria dos líderes das mais expressivas denominações e pedir-lhes que convocassem um jejum nacional. Ao deixar de fazê-lo, tornou-se a um só tempo uma autoridade espiritual e secular.

Ao serem convocados, a primeira coisa que esses líderes deveriam fazer era esclarecer ao mui digno presidente do que seja jejum, porque a mídia relatou que durante a manhã, ele tomou um cafezinho no Palácio da Alvorada.

Pessoas que afoitamente compareceram à esplanada, também deveriam ser esclarecidas, já que disseram que iriam jejuar até o meio-dia. O jejum bíblico é de 24 horas, começando às 18 horas do dia anterior e terminando às 18 horas do dia posterior.

Antes que haja réplica sobre o jejum ser de 24 horas, vale lembrar que o de Jesus foi de 40 dias e Ele o fez porque estava ungido pelo Espírito Santo. Dificilmente uma pessoa leva um dia de jejum a bom termo se não estiver cheio do Espírito.

No período de jejum, o fiel deve se abster de alimento ficar em secreto e dedicar-se às disciplinas espirituais, oração, memorização, estudo da palavra, leitura, cânticos de hinos.

Neste curto espaço, quero honrar pessoas: pastor Cláudio Ely, e o pastor Jesus Aparecido. Nenhum deles me convocou para o jejum, e eles são autoridade espiritual para minha vida.

Costumo ouvir a voz do pastor e não a voz dos estranhos. Como Jesus ensinou “As minhas ovelhas ouvem a minha voz”, “de modo nenhum ouvirão a voz dos estranhos.”

O pastor é aquele que está com você, caminha com você, sua vida de abnegação é vista por você. É muito triste você relegar a voz dele ao segundo plano.

Fico no aguado das pauladas, mas estou firmado na palavra, na história, na voz de Jesus e mais, embaixo da autoridade dos pastores que citei, que tenho a honra de compartilhar a fé e a comunhão.

Se minhas ovelhas me consideram pastor, que ouçam a minha voz e não a voz dos estranhos.

Em tempos difíceis: “Não temas ó pequeno rebanho porque o Senhor se agradou de dar-vos o reino”.

O JORNALEIRO
28/Abril/2020

COISAS DO CORAÇÃO

Publicado em 23 de janeiro de 2020

Coisas do coração [7]Amigo Lucas, vejo-o tão pouco, mas não me esqueço de você e da Aline. Meu amor por vocês foi à primeira vista. Foi casual nosso encontro no shopping. Subia uma escada e quando dela saio, lá estavam os dois de mãos dadas.

Quando vão se casar? – perguntei.

Ali os amei.

Num dia desses, madrugadão bravo, não conseguia dormir.

Pensei em Dostoievski, seu livro Crime e Castigo. Das pessoas a quem o indiquei, você foi o único que leu.

Você percebeu que a temática do livro é genial. Um jovem chamado Raskolnikov torna-se um assassino e sente culpa, mas não arrependimento. Mas a própria culpa que sente é confusa porque é um queimar da consciência sem achar que errou (pecou).

Numa parte do livro, Sônia diz que conversava com uma amiga (que ele também matou), e a pedido dele ela lê “a ressurreição de Lázaro”.

É teologia, caro! É teologia!

Não tenho paciência, mas se tivesse escreveria sobre a teologia em Dostoievski. É a revelação de um sentimento que muita gente carrega e não sabe.

Você vê que para mim a teologia está intrinsicamente ligada à vida, uma vez que Deus teceu nossos sentimentos e emoções. Só que o pecado corrompeu nossa alma, mas aqui e ali vemos vestígios in natura dos sentimentos que Deus colocou em nós.

Em estado de perturbação (seria opressão?), ele se entrega à polícia, mas continua com a culpa sem arrependimento.

Seria a culpa que sentia de uma luta contra a própria culpa?

No final da história, Sônia vai visitá-lo na prisão. Ela nunca o abandonou. Lembre-se que ela não deixava de fazê-lo.

Olhando para o retrovisor você lembra como ele descreve o tipo psicológico do pretendente da sua irmã. Espetáculo!

Quando da visita, ele sente um amor profundo por Sônia. Que lição! O amor resgata. É mais que um dom, é a excelência do divino e está plantado em nós pelo Espírito Santo.

Vejo esse amor em vocês. Se um dia me decepcionarem… chorarei.

Quando o jovem Raskolnikov se arrepende, Dostoievski liga esse ato compulgente à ressurreição de Lázaro e diz: “Ele ressuscitou.”

Bravo!

Quando Paulo está no fim da sua jornada ele diz: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.”

Como não estou preso agora à exegese, mas ao coração, posso dizer: Será que Paulo quando fala “guardei a fé” não queria dizer “guardei o amor”? Isso porque em Coríntios ele fala que é o amor que jamais acaba.

Mas pensando na unicidade de Deus, Deus triuno, três em um, não seriam o amor, a fé e a esperança, virtudes teologais? Uma só coisa?

Então, meus queridos Lucas e Aline, é isto que vejo em vocês, e agora nesse nosso encontro, tão diferente do primeiro, vem a pergunta:

E aí quando vem o nenê?

O JORNALEIRO
23/01/2020

P.S. Recomendo: Santa Joana dos Matadouros, de Brecht, depois de ler me avise, comentaremos.

ORAR NO MONTE (SEGUNDA PARTE)

Publicado em 19 de janeiro de 2020

O Jornaleiro - Edson Quinezi - Orar no Monte [Parte 2]Novas reflexões sobre o assunto me levaram a escrever este segundo texto sobre o mesmo tema. Salientando:

Não sou contra orar no monte, mas a sã doutrina não cita nenhuma orientação nesse sentido. Nem Jesus fez nenhuma.

Não sou contra orar no monte, mas Moisés sobe o Sinai sozinho e lá ficou 40 dias e noites em oração. Jesus subiu ao monte, mas levou apenas três discípulos. Subiu ao Monte das Oliveiras, mas os discípulos não oraram como Ele pediu.

Não sou contra orar no monte, mas permitam-me que reflitam o seguinte:

Considerar como mérito ir orar no monte – A Bíblia nos ensina que tudo que recebemos de Deus é pela graça mediante a fé. Se você acha que orar no monte lhe abre as portas das bênçãos divinas, você está enganado, sua atitude é semelhante à dos que oferecem alguma espécie de ação ou sacrifício com a finalidade de usufruir do favor divino.

Considerar que o monte é um lugar especial que se distingue de qualquer outro lugar – A mulher samaritana estava ao pé do monte Geresim quando teve um diálogo com Jesus. Ela diz: “Nossos pais adoraram neste monte e vós dizeis que é Jerusalém o lugar onde se deve adorar”. Olhe como Jesus conclui este diálogo: “Mulher crê-me que a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o pai. Mas a hora vem e agora é em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” Evangelho de João capítulo 4 vs. 20, 21 e 23.

Deixaremos as considerações para analisar a expressão “em espírito e em verdade”.

Jay e Adams, em seu livro Teologia do Aconselhamento Cristão, pag. 112, diz:

Adoração é a alma da oração. Adorar é pensar em Deus. É agradecê-lo simplesmente pelo que Ele é. Trata-se de uma atitude que vai além da gratidão por suas obras: adorar a Deus é louvá-lo pelo seu ser e natureza. Na adoração o coração do crente clama “Abba Pai”.

A adoração que se limita a pedidos, não pode ser chamada de cristã.”

Só um coração que se purifica, através da palavra, confissão de pecados, busca perseverante da santidade, tem um espírito que se torna habitação do Espírito Santo e pode adorá-lo onde estiver. Como a adoração é a alma da oração, pode também orar sem limitações de tempo ou espaço.

Não sou contra a oração no monte, mas temo as intenções do coração e a visão destorcida que pode ter aquele que faz uma leitura errática do orar no monte.

Saliento que não sou contra o “orar no monte” desde que o monte não seja o seu ídolo, o monte não represente para você um local especial onde você vai ser abençoado, também não pense que é um lugar diferenciado de busca a Deus.

No meu cuidado com sua alma, pela qual responderei no dia do juízo, é que no amor de Cristo faço essas advertências.

O Jornaleiro
19/01/2020

ORAR NO MONTE

Publicado em 11 de janeiro de 2020

O Jornaleiro - Edson Quinezi (2) Tenho feito restrições a “orar no monte”. Neste texto procurarei esclarecer a respeito da minha visão sobre este assunto.

“Orar no monte”, “campanhas de jejum e oração”, “movimentos de avivamento” representam picos na vida cristã. As pessoas que buscam estas alternativas vivem momentos de euforia, êxtase, visões, alegrias ou experiências rotuladas de espirituais.

Qualquer movimento de natureza religiosa que ofereça uma solução ou uma benção imediata contraria frontalmente o ensino bíblico.

Cristo disse: “Vinde a mim vós que estais cansados e oprimidos e encontrareis descanso para vossas almas”. Mas o “ir a Cristo” resulta em benção para aquele que permanece em Cristo. “Orar no monte” pode significar “ir a Cristo, mas não permanecer em Cristo”.

As pessoas vão para esses movimentos, mas no seu “day after” continuam suas vidas de desobediência e não apresentam nenhuma mudança.

Os adeptos deste apelo correm um sério perigo uma vez que eles comparecem a esses movimentos e não permanecem em Cristo, não apresentam nenhuma mudança. Significa que não houve uma real operação do Espírito Santo em suas vidas e as experiências que experimentaram é fruto do seu coração enganoso ou de um engodo do nosso inimigo.

Há um livro muito esclarecedor chamado “Guerra contra os santos” de Jessie Pen-Lewis, publicado pela CCC Edições, que fala sobre experiências espirituais manipuladas pelo diabo.

A igreja primitiva caracterizava-se por estar “todos os dias no templo”, “todos os dias em comunhão”, “todos os dias em oração” (Atos 5:42). Eles não passavam dias, semanas, meses alongados de Deus e depois subiam ao monte para orar. A vida deles era de contínua oração e comunhão.

O que estamos querendo dizer é que podemos ir ao monte sim, se permanecemos em Cristo, com uma vida de devocionais, jejum, oração, palavra e comunhão com os irmãos. É impossível que alguém que esteja ligado à videira (João 15) seja enganado pelo seu coração ou pelo inimigo de nossas almas.

Podemos ter momentos abençoados na presença do Senhor de poder e refrigérios, mas como resultado de uma vida de permanente devocional, palavra e oração.

E mesmo permanecendo em Cristo precisamos examinar a nós mesmos para vermos se estamos sendo de glória em glória transformados, como a palavra diz em 2 Coríntios 3:18. Esse é nosso grande teste: a transformação (nosso alvo, nossa santificação, sem a qual ninguém verá a Deus).

É bom vigiarmos constantemente para não sermos enganados por nós mesmos ou por Satanás.

O JORNALEIRO
11/01/2020

ELEIÇÃO 2018

Publicado em 21 de outubro de 2018

Eleições 2018A confusão é generalizada! Fazendo sinopse do ambiente político que vivenciamos no momento aqui no nosso torrão natal podemos constatar um universo de falácias de todo tipo.

A mente obscurecida pelo pecado imagina situações destituídas de fundamento. Ambos os lados se dizem defensores da democracia e ambos se acusam mutuamente.

O Brasil não se curvará à ditadura e nem ao comunismo. O espírito do nosso povo não consegue ficar permanentemente refém da direita ou da esquerda. Basta um olhar para nossa história. Sem derramamento de sangue passamos da monarquia para a república, de um regime militar para o democrático. Presidentes já foram destituídos e a vida segue.

Em razão disso que todo nosso povo evangélico, católico, ou de qualquer outra posição religiosa, vote sabendo separar o joio do trigo, pedindo o discernimento de Deus, mas sem se digladiar, ferindo-se uns aos outros de forma não cristã e irracional.

Quem é de Haddad não contenda com quem é de Bolsonaro, e os de Bolsonaro aos que são de Haddad. Afinal, o cristão autêntico não pertence e nem serve a eles, mas tem um Senhor – Jesus, o Cristo de Deus.

Votar consciente é uma coisa, mas apaixonar-se por um dos lados a ponto de se provocarem e defenderem um dos oponentes com espírito exacerbado é algo que não convém ao verdadeiro cristão.

Usar plataformas digitais ou qualquer outro meio para manter, ainda que seja uma guerra fria, beligerância, implícita ou explícita, contra o semelhante é reprovável aos olhos de Deus.

Não nos deixemos enganar, qualquer manifestação ou informação de uma ou de outra parte será sempre tendenciosa, dizendo sempre meias verdades, quando não, mentiras, procurando nos iludir e manipular a nossa mente.

É impensável supor que Jesus apoiasse essa situação e tomasse posição a favor deste ou daquele. Os judeus quiseram colocá-lo contra o poder de Roma quando perguntaram se era lícito dar tributo a César. Sabiamente, Ele apontou para o foco certo. Um imperador Romano ou um rei judeu não faria diferença alguma, o que faz diferença é dar a Deus o que é de Deus.

Os que se motivam com ardor a se empenhar na campanha deste ou daquele candidato, deveriam fazer um exame de si mesmo e ver se com o mesmo ardor eles defendem a causa do evangelho. Se dermos a Deus o que é de Deus, como Jesus ensinou na questão do tributo a Cesar, certamente não nos sobrará tempo e fôlego para levantarmos a bandeira de um político na prisão ou de um com o fuzil. Não é sem razão que a revista Veja aponta para a insensatez que reina na mente e corações de quem quer se bater em duelo por uma causa perdida.

Por que causa perdida? Seja Haddad ou Bolsonaro, nossa esperança é escatológica. Não é, portanto, nosso bem-estar que devemos buscar, mas que Deus nos dê graça para vivermos tempos de paz, que nos possibilitem, com muito ou com pouco, pregarmos o evangelho.

Se tivermos ligados ao foco certo, seremos guardados e protegidos por Deus, e veremos o evangelho genuíno florescer em nossa pátria: “Graças a Deus que nos conduz em triunfo”. Se agirmos como cristãos, é isto o que veremos: se for Haddad, a verdade será esta – conduzidos em triunfo; se for Bolsonaro, também seremos conduzidos em triunfo porque buscamos os interesses e a glória da nossa cidade celestial.

Sem, entretanto, nos descurarmos de uma vida exemplar como cidadãos obedientes às leis e dando a quem honra, honra; a quem louvor, louvor; a quem obediência, obediência.

Esperamos por uma cidade eterna, um reino de justiça (mas escatológico). Não nos iludamos quebrando lanças por este ou por aquele, mas dediquemos totalmente ao único que por nós morreu e ressuscitou.

A Ele, sim. Ao Deus imortal e eterno, encarnado em Cristo, revelado pelo Espírito Santo, Pai das luzes, no qual não há mudança e nem sombra de variação, a glória, a honra, o poder e a majestade, pelos séculos dos séculos, Amém e Amém.

O JORNALEIRO
21/10/2018

ESCRAVOS DE MAMOM

Publicado em 24 de setembro de 2018

ESCRAVOS DE MAMOM“Não podeis servir a Deus e a Mamom” (deus das riquezas). Com esta declaração, Jesus nos alerta para o perigo que os bens terrenos representam para a alma. O amor ao dinheiro é um sentimento sutil, quase imperceptível que toma conta do nosso coração e nos domina, ele é um tirano da pior espécie, nos impondo um estilo de vida totalmente profano.

Todos os esforços do homem, do berço ao túmulo, são orientados por esse metal tão cobiçado. Podemos citar alguns exemplos. O caso de um jovem que acaba sua faculdade e sai em busca de novos diplomas, outros cursos, em nome do aprimoramento dentro da sua profissão. Na verdade, é preciso perguntar qual é a sua verdadeira motivação: conhecimento, status social, conforto ou poder.

Hoje parece ser necessário que o casal trabalhe para manter a família. Usei a palavra “parece” porque isso é questionável. Esse esforço conjugal, entretanto, pode estar almejando o aumento do poder aquisitivo que resulte em mais conforto, status, reconhecimento; não resultando em lucro, mas em sérios prejuízos para a formação das crianças que são entregues aos cuidados de estranhos.

Nas nossas escolhas, dois ideais deveriam fazer parte da nossa lista de prioridades: servir a Deus e ao próximo. O primeiro mandamento é amar a Deus. O segundo, semelhante a este, é amar ao próximo.

O deus Mamom luta tenazmente para que falhemos no cumprimento destes dois mandamentos divinos. É vontade de Mamom que todo nosso tempo seja dele, todos os nossos esforços dirigidos a ele. Não podemos negar que Mamom tem sido bastante cultuado. Ele é o Baal dos nossos dias.

Faça um autoexame: quanto tempo você tem dado para Deus e para o próximo? Outra autocrítica: quanto você tem ajudado pecuniariamente outras pessoas? Sem fazer louvor ao meu ego – Deus me livre disso – gostaria de dizer que o dinheiro que dei a outras pessoas foi o mais bem empregado. Significou mais do que tudo que gastei para minha sobrevivência e formação. As pessoas a quem estendi a mão passaram a fazer parte da minha história, tornaram-se parte de mim.

Note que não estou falando de contribuições à igreja, a entidades sociais, mas às pessoas. Há vários relatos que narram que náufragos poderiam ter sido salvos, mas por não quererem abandonar seus tesouros, preferiram as águas profundas do oceano, agarrando tenazmente seus tesouros. Talvez estejamos nesta situação, indo cada vez mais a pique, porque Mamom nos iludiu.

Cristo ou Mamom? Temos que tomar uma decisão! É triste, mas sabemos quem nossa geração escolheu, e por isso a palavra clama para que “despertemos do nosso sono”, “produzi frutos dignos de arrependimento”. Diga não a Baal.

No artigo “Crônica de um desastre anunciado”, do jornal O Estado de São Paulo, o professor Paulo Paiva diz: “Segundo estudo do McKinley Global Institute, o Brasil levará 63 anos para dobrar sua renda per capita, se nada diferente for feito”.

A questão, entretanto não é quanto se ganha, mas quanto se gasta e quanto poupamos para amenizar o sofrimento alheio. A Bíblia diz: “dai e ser-vos-á dado”. O cristianismo ocidental capitalizado é uma afronta ao verdadeiro cristianismo. Não estamos falando em comunismo – os bens são do Estado para nosso uso –, ou do capitalismo – os bens são nossos para nosso uso –, mas de um cristianismo em que o que temos é para distribuirmos, não é exclusivamente nosso; de um cristianismo que se torna sinônimo de compaixão.

Ser cristão é muito mais do que frequentar uma igreja, é ser as mãos de Cristo estendidas ao leproso, ao paralítico. Não podemos fazer tudo, mas também não deixemos de fazer o pouco, porque “quem é fiel no pouco, também é no muito”. “Bem está servo bom e fiel, sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei”.

Testemunhar o evangelho não deve ser uma retórica vazia, mas de poder, em que palavra e ação andam juntas, no milagre da encarnação de Cristo e da nossa ressureição com Ele, para que sejamos homens que vivem na eternidade e não no tempo que passa.

Porque o mundo (Mamom) passa e a sua concupiscência, mas a palavra do Senhor permanece para sempre”.

O Jornaleiro
24/09/2018

GENEROSIDADE

Publicado em 19 de março de 2018

generosidade“Uma coisa te falta”, disse Jesus ao moço rico. Faltava-lhe desprendimento e generosidade, sobrava ganância, e amor aos bens terrenos.

É um dos males da igreja de hoje, que parece reunir todos os pecados das sete igrejas da Ásia.

Poucos cristãos dedicam-se a ajudar o próximo. Jesus nos ensinou a dar, a sermos generosos, mas pensamos que isto se restringe ao dízimo e acabamos nos esquecendo de socorrer os necessitados.

Nunca damos um vestido novo para o bazar de caridade. Algumas doações chegam sujas, rotas, sem nenhum proveito. E olhe que vêm de mãos de cristãos.

Alguns, porque sofreram na vida, lutaram com dificuldade e sobreviveram, acham que todos têm que ser como eles. Mas nem todos conseguem vencer, nem têm as mesmas oportunidades.

Temos aqui em Bauru um trabalho lindo com crianças, que envolve educação, arte, diversão, alimentação. Poucos são, entretanto, aqueles que se envolvem.

Quando te vi nu, sem roupa ou sem educação?

Sempre encontro pessoas preocupadas com dons carismáticos, maravilhas, operação do Espírito Santo, mas…onde está a generosidade, o amor?

O que mais gosto é de conversar com pessoas humildes, parar para cumprimenta-las, bater um papo, sentir seu coração. Para mim este é o verdadeiro pastorado. “Minha paróquia é o mundo”, dizia Wesley. Muita coisa vai mudar em nossa vida, quando nossa paróquia for o ponto de taxi, a feira, os bancos do jardim.

Quantos preferem trombar dentro da igreja, ou ficar sem igreja, a fazer o trabalho que Cristo fez, conversando com pescadores, coletores de impostos, e agricultores.

A humildade, disse alguém, é a mãe de todas as virtudes. Aí está um exemplo disso, onde o coração humilde é também generoso.

Deus não nos nega nada – sol, luz, ar, agua, teto, vida –, mas nós negamos o pão ao pobre o pão; a educação à criança; o consolo ao doente. Quem sabe, ao ler esta reflexão, você deixe Deus quebrar a penha do seu coração tornando-o sensível ao clamor dos desvalidos, e se lembre do nosso ESCA para que nossa ação possa atingir mais vidas, os cristãos não sejam conhecidos só por aleluias e carismas, mas pelo coração igual ao do Mestre, de íntima compaixão.

O JORNALEIRO
19/03/2018

A BOLHA

Publicado em 22 de dezembro de 2017

A BolhaEstou dentro de uma bolha – o mundo – entidade espiritual que encontra sua expressão na vida econômica, religiosa, política, cultural. Essa bolha tem uma religião que permeia todas as áreas anteriormente elencadas e se chama paganismo.

Como o rei Midas transformava tudo que tocava em ouro, o paganismo transforma tudo que está no ambiente do mundo em ídolos ou deuses.

No mundo antigo ser pagão era sinônimo de ser idolatra, os gregos e os romanos dispunham de uma gama variada de deuses, da fertilidade, da guerra, do amor. Heróis míticos (da mitologia) eram tidos como deuses – Zeus, Apolo, Artêmis, Posseidon, e tantos outros –; mesmo reis eram elevados a esta categoria, e muitos deles obrigavam o povo a adorá-los.

Os tempos modernos parecem haver despojado o mundo desses deuses e achamos que eles não encontram espaço em nossos dias. Mas estamos errados, eles adquiriram formas mais sofisticadas e estão cada vez mais diversificados e … poderosos.

O paganismo não morreu, apesar de todo avanço intelectual e tecnológico. Ele está vivo.

Na ilustração que usamos do rei Midas, o mundo é uma entidade que consegue transformar tudo em deuses. Isto porque o ser humano tem um forte atrativo para amar objetos, bens, ideias, pessoas, etc. no lugar de Deus.

“Onde estiver o vosso tesouro ali estará o vosso coração”. É o que nos ensina a sabedoria. A jovem ou o jovem que joga tudo fora (família, valores, princípios) por uma paixão, coloca seu desejo acima de tudo, coloca-o em primeiro lugar na sua vida. E a todo momento vemos a consequência dessas escolhas.

Muitas vezes o rei Midas somos nós. O que vemos, desejamos; não importa o preço ou as consequências. “Cada um é tentado pela sua própria concupiscência quando ela o atrai ou seduz”.

O triste em tudo isso é que misturamos paganismo com cristianismo. Assim, hoje fica difícil encontrar uma expressão pura do verdadeiro cristianismo em um segmento, seja ele evangélico ou não; e até mesmo em uma vida, seja ela cristã ou não.

Estamos dentro de uma bolha, portanto, vivemos uma tragédia. A Bíblia diz, palavras de Cristo: “Se permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos e conhecereis a verdade e a verdade voz libertará”.

É permanecendo na palavra que nos libertamos da bolha. Mas como permanecer na palavra se cristãos são declaradamente torcedores de um time de futebol (eu me incluo nisso), ou cheios de desejos por status, roupas, cultura, bens, valorização pessoal? O rei Midas que está em mim transforma tudo isto em deuses dentro do meu coração.

A nossa situação é dramática porque estamos dentro de uma bolha sob a influência constante da religião do mundo, o paganismo, precisando de uma verdadeira libertação. “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres”.

Você pode alegar que aceitou Cristo, é um crente fiel, dizimista, assíduo frequentador dos cultos, mas você apenas está dando os primeiros passos no Caminho. Eu e você precisamos da iluminação do Espírito Santo para sabermos quem são nossos deuses e recebermos graça e poder para destroná-los do nosso coração.

Ser cristão não é tão simples como parece porque é preciso descobrir até que ponto o paganismo conspurca a nossa fé e deforma o evangelho que abraçamos.

Quero terminar como comecei – eu estou numa bolha.

O JORNALEIRO
21/12/2017

O ANO JUBILEU DE NOSSA CBN

Publicado em 31 de julho de 2017

cbn 4- O JornaleiroLembro-me de que em 1967, cinquenta anos atrás, eu estava em Guararapes. As notícias não chegavam “online” como hoje. A fundação da nossa CBN me chegou através da primeira edição do Batista Nacional, onde os nossos precursores definiam o caminho que deveríamos trilhar – continuaríamos batistas, como sempre fomos, acrescentando ao nosso pacto que assumíamos ao sermos batizados nas águas – sempre o publicamos em nossos informativos – a crença no batismo com Espírito Santo como segunda benção e na continuidade dos dons espirituais.

A nossa identidade foi definida por aqueles que foram colunas da renovação espiritual. Embora pertençamos ao cristianismo histórico, fomos renovados e não podemos deixar de falar do que vimos e ouvimos: o Espírito Santo visitando as igrejas históricas e trazendo um renovo.

Muito foi enfatizado sobre a atuação dos nossos pioneiros, da história que foi escrita, mas não podemos olvidar as colunas que hoje estão se levantando, reconhecendo a importância do passado, e olhando para o futuro.

Não é um simples olhar, mas um agir, uma ação proativa, delineando os contornos, aparando as arestas, aplainando a estrada real para as futuras gerações.

As colunas do passado são bem conhecidas, mas precisamos honrar as do presente, o que está sendo escrito pelo Pastor Cláudio Ely Dietrich Espindola, Pastor Edmilson Vila Nova, Pastor Jonas Neves, Pastor Jesus Aparecido Silva, Pastor Wellington Coelho de Sousa, o vate de Goiás, Pastor José Carlos Silva, Pastor Eder José de Melo Silva, e outros tantos, em vários rincões do Brasil, apaixonados por renovação espiritual e ardorosos defensores da CBN, como Pastor Elpídio Lourenço, Pastor Antenor Lourenço – uma verdadeira nuvens de testemunhas.

Vendo esses corações apaixonados, não posso deixar de ter esperança na continuidade desta obra, no fortalecimento da sua unidade, porque caso diferenças surjam, eles saberão nos ajudar a encontrar o caminho da nossa unidade, nos estimulando a olhar para as colunas do passado que deixaram no nosso DNA – uma marca indelével: somos batistas, batistas renovados e nunca deixaremos de sê-lo; saberemos rechaçar todo vento de doutrina e levantar a bandeira da reforma, que a 500 anos tremula proclamando:

SOLA SCRITURA

Volto das comemorações do nosso jubileu com um coração renovado. Pela primeira vez vejo minha denominação definir com autoridade e firmeza o posicionamento de proibir pagamento aos artistas, pastores e bandas que cobram pelos seus serviços, verdadeiros mercenários.

Devemos ofertar com amor aqueles que servem ao Senhor mas rechaçar aqueles que se usam das igrejas para encher os seus bolsos e produzir apenas fumaça e fogo estranho sobre o altar.

Muito feliz também com o posicionamento tomado sobre políticos, são bem-vindos para simplesmente assistirem nossos cultos e serem anunciados como visitantes – apenas acrescentaria – da mesma maneira que fazemos com o mais simples frequentador de nossas reuniões de adoração.

Não poderia deixar de destacar a impressionante performance do nosso Presidente Pastor Edmilson Vila Nova, numa maratona extenuante de reuniões, sem em nenhum momento perder o equilíbrio e o entusiasmo.

Foi marcante a presença do Pastor Roberto Silvado e Pastor Juracy Carlos Bahia, respectivamente Presidentes da Convenção Batista Brasileira e da Ordem dos Pastores Batista Brasileira e ainda o Diretor Executivo Pastor Sócrates Oliveira de Souza, que ofertaram uma placa comemorativa dos nossos 50 anos de CBN.

A aproximação das duas convenções sempre foi sonhada por todos nós. Animosidades em alguns bolsões de resistência ainda perdurarão, mas a forma como estão sendo conduzidas as ações de unidade, irão finalmente virar a página do momento triste de ruptura, acabando por lançar no limbo do esquecimento as lágrimas vertidas e celebrando um novo tempo de comunhão e amor.

SOLI DEO GLÓRIA

O Jornaleiro
31/07/2017