COISAS DO CORAÇÃO
23 de janeiro de 2020 / 1 ComentárioAmigo Lucas, vejo-o tão pouco, mas não me esqueço de você e da Aline. Meu amor por vocês foi à primeira vista. Foi casual nosso encontro no shopping. Subia uma escada e quando dela saio, lá estavam os dois de mãos dadas.
Quando vão se casar? – perguntei.
Ali os amei.
Num dia desses, madrugadão bravo, não conseguia dormir.
Pensei em Dostoievski, seu livro Crime e Castigo. Das pessoas a quem o indiquei, você foi o único que leu.
Você percebeu que a temática do livro é genial. Um jovem chamado Raskolnikov torna-se um assassino e sente culpa, mas não arrependimento. Mas a própria culpa que sente é confusa porque é um queimar da consciência sem achar que errou (pecou).
Numa parte do livro, Sônia diz que conversava com uma amiga (que ele também matou), e a pedido dele ela lê “a ressurreição de Lázaro”.
É teologia, caro! É teologia!
Não tenho paciência, mas se tivesse escreveria sobre a teologia em Dostoievski. É a revelação de um sentimento que muita gente carrega e não sabe.
Você vê que para mim a teologia está intrinsicamente ligada à vida, uma vez que Deus teceu nossos sentimentos e emoções. Só que o pecado corrompeu nossa alma, mas aqui e ali vemos vestígios in natura dos sentimentos que Deus colocou em nós.
Em estado de perturbação (seria opressão?), ele se entrega à polícia, mas continua com a culpa sem arrependimento.
Seria a culpa que sentia de uma luta contra a própria culpa?
No final da história, Sônia vai visitá-lo na prisão. Ela nunca o abandonou. Lembre-se que ela não deixava de fazê-lo.
Olhando para o retrovisor você lembra como ele descreve o tipo psicológico do pretendente da sua irmã. Espetáculo!
Quando da visita, ele sente um amor profundo por Sônia. Que lição! O amor resgata. É mais que um dom, é a excelência do divino e está plantado em nós pelo Espírito Santo.
Vejo esse amor em vocês. Se um dia me decepcionarem… chorarei.
Quando o jovem Raskolnikov se arrepende, Dostoievski liga esse ato compulgente à ressurreição de Lázaro e diz: “Ele ressuscitou.”
Bravo!
Quando Paulo está no fim da sua jornada ele diz: “Combati o bom combate, acabei a carreira e guardei a fé.”
Como não estou preso agora à exegese, mas ao coração, posso dizer: Será que Paulo quando fala “guardei a fé” não queria dizer “guardei o amor”? Isso porque em Coríntios ele fala que é o amor que jamais acaba.
Mas pensando na unicidade de Deus, Deus triuno, três em um, não seriam o amor, a fé e a esperança, virtudes teologais? Uma só coisa?
Então, meus queridos Lucas e Aline, é isto que vejo em vocês, e agora nesse nosso encontro, tão diferente do primeiro, vem a pergunta:
E aí quando vem o nenê?
O JORNALEIRO
23/01/2020
P.S. Recomendo: Santa Joana dos Matadouros, de Brecht, depois de ler me avise, comentaremos.
1 comentário
Pastor, esse livro é uma obra prima! Os dilemas do Raskolnikov são muito envolventes…
Sua recomendação já está anotada. Um abraço, e obrigado pelo texto!