ESCRAVOS DE MAMOM

24 de setembro de 2018 / 0 Comentários

ESCRAVOS DE MAMOM“Não podeis servir a Deus e a Mamom” (deus das riquezas). Com esta declaração, Jesus nos alerta para o perigo que os bens terrenos representam para a alma. O amor ao dinheiro é um sentimento sutil, quase imperceptível que toma conta do nosso coração e nos domina, ele é um tirano da pior espécie, nos impondo um estilo de vida totalmente profano.

Todos os esforços do homem, do berço ao túmulo, são orientados por esse metal tão cobiçado. Podemos citar alguns exemplos. O caso de um jovem que acaba sua faculdade e sai em busca de novos diplomas, outros cursos, em nome do aprimoramento dentro da sua profissão. Na verdade, é preciso perguntar qual é a sua verdadeira motivação: conhecimento, status social, conforto ou poder.

Hoje parece ser necessário que o casal trabalhe para manter a família. Usei a palavra “parece” porque isso é questionável. Esse esforço conjugal, entretanto, pode estar almejando o aumento do poder aquisitivo que resulte em mais conforto, status, reconhecimento; não resultando em lucro, mas em sérios prejuízos para a formação das crianças que são entregues aos cuidados de estranhos.

Nas nossas escolhas, dois ideais deveriam fazer parte da nossa lista de prioridades: servir a Deus e ao próximo. O primeiro mandamento é amar a Deus. O segundo, semelhante a este, é amar ao próximo.

O deus Mamom luta tenazmente para que falhemos no cumprimento destes dois mandamentos divinos. É vontade de Mamom que todo nosso tempo seja dele, todos os nossos esforços dirigidos a ele. Não podemos negar que Mamom tem sido bastante cultuado. Ele é o Baal dos nossos dias.

Faça um autoexame: quanto tempo você tem dado para Deus e para o próximo? Outra autocrítica: quanto você tem ajudado pecuniariamente outras pessoas? Sem fazer louvor ao meu ego – Deus me livre disso – gostaria de dizer que o dinheiro que dei a outras pessoas foi o mais bem empregado. Significou mais do que tudo que gastei para minha sobrevivência e formação. As pessoas a quem estendi a mão passaram a fazer parte da minha história, tornaram-se parte de mim.

Note que não estou falando de contribuições à igreja, a entidades sociais, mas às pessoas. Há vários relatos que narram que náufragos poderiam ter sido salvos, mas por não quererem abandonar seus tesouros, preferiram as águas profundas do oceano, agarrando tenazmente seus tesouros. Talvez estejamos nesta situação, indo cada vez mais a pique, porque Mamom nos iludiu.

Cristo ou Mamom? Temos que tomar uma decisão! É triste, mas sabemos quem nossa geração escolheu, e por isso a palavra clama para que “despertemos do nosso sono”, “produzi frutos dignos de arrependimento”. Diga não a Baal.

No artigo “Crônica de um desastre anunciado”, do jornal O Estado de São Paulo, o professor Paulo Paiva diz: “Segundo estudo do McKinley Global Institute, o Brasil levará 63 anos para dobrar sua renda per capita, se nada diferente for feito”.

A questão, entretanto não é quanto se ganha, mas quanto se gasta e quanto poupamos para amenizar o sofrimento alheio. A Bíblia diz: “dai e ser-vos-á dado”. O cristianismo ocidental capitalizado é uma afronta ao verdadeiro cristianismo. Não estamos falando em comunismo – os bens são do Estado para nosso uso –, ou do capitalismo – os bens são nossos para nosso uso –, mas de um cristianismo em que o que temos é para distribuirmos, não é exclusivamente nosso; de um cristianismo que se torna sinônimo de compaixão.

Ser cristão é muito mais do que frequentar uma igreja, é ser as mãos de Cristo estendidas ao leproso, ao paralítico. Não podemos fazer tudo, mas também não deixemos de fazer o pouco, porque “quem é fiel no pouco, também é no muito”. “Bem está servo bom e fiel, sobre o pouco foste fiel, sobre o muito te colocarei”.

Testemunhar o evangelho não deve ser uma retórica vazia, mas de poder, em que palavra e ação andam juntas, no milagre da encarnação de Cristo e da nossa ressureição com Ele, para que sejamos homens que vivem na eternidade e não no tempo que passa.

Porque o mundo (Mamom) passa e a sua concupiscência, mas a palavra do Senhor permanece para sempre”.

O Jornaleiro
24/09/2018

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