MEU CAVALINHO AMARELO

28 de janeiro de 2021 / 1 Comentário

Meu cavalinho amareloAo final do ano, meus tios paternos costumavam me dar presentes. tio Toninho me deu um cavalinho amarelo. Eu gostava muito dele. Conservei-o até minha idade adulta. Casei e levei meu cavalinho amarelo comigo.

Um dia, alguns parentes foram nos visitar na amada Guararapes e resolvi dar meu cavalinho amarelo a uma criança muito linda. O pobre não durou mais de uma semana e até hoje me arrependo de não tê-lo conservado comigo.

Quando jovem, consegui outro cavalo amarelo. Um sonho? Ilusão? Utopia? No meu imaginário juvenil via a igreja como o melhor lugar do mundo. Tudo certinho, empolgante, uma busca permanente pela pureza e testemunho evangelístico.

Hoje, procuro preservar meu cavalinho amarelo no rebanho onde Deus me colocou para servir como pastor, meu pedacinho de chão, meus irmãos da nossa Betel. Mas ao olhar ao entorno vejo os perigos que ela e todas as igrejas sérias estão correndo porque instaurou-se no seio evangélico uma verdadeira Babel.

O status hoje é crescimento numérico, poder político, show, até a cor preferida se tornou a cor da escuridão e as igrejas são surreais. É difícil ter amigos, comunhão, troca de experiências e conhecimento porque ninguém fala mais a mesma língua.

Vejo, no fundo do quintal da minha mente, meu cavalinho amarelo destroçado, perguntando para mim por que você não fez nada? Por que me deu a uma criança descuidada que não me amou como você me amava?

Olho para a igreja e vejo o cavalinho amarelo. Sinto uma dor no peito, um soluço na alma, um peso angustiante. Por mais que faça para preparar líderes que prossigam mantendo a pureza da igreja, temo pelo futuro porque a Babel religiosa grita à nossa porta.

As tentações dos modismos doutrinários, dos modelos de crescimento, dos ventos de doutrinas, da ganância, o imponderável, uivam como lobos terríveis querendo destroçar meu cavalinho amarelo.

Onde estão os pastores de antanho que soluçavam pelas almas e que pregavam com um apaixonado ardor evangelístico? Onde as vozes que reverberadas do púlpito nos faziam chorar? A emoção de hoje é produzida por sons alucinantes, dançarinas de púlpito, e milagres sonhados e nunca comprovados.

Até avivamentos querem tirar a fórceps com campanhas que somem levadas pela poeira, das quais ninguém se arrepende pelo fracasso e ilusão provocados.

No quintal da minha mente vejo meu cavalinho amarelo destroçado, e só me resta a esperança de que a Igreja que Cristo buscará é aquela noiva pura e imaculada, escondida nos porões da igreja institucionalizada, mas viva no coração de Deus e gritando para os que estão na grande Babel – SAI DA BABILÔNIA, POVO MEU.

O JORNALEIRO
19/01/2021

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1 comentário

  1. Sandra cruz disse:

    Tenho irado para que o Senhor Jesus conserve seu cavalinho amarelo íntegro e perfeito até o dia do Senhor