MORRER – DE VODCA OU DE TÉDIO

20 de março de 2015 / 0 Comentários

Morrer de vodkaO abuso do álcool entre jovens virou a bola da vez no mundo midiático, depois que um estudante universitário morreu aos 23 anos, não resistindo às 25 doses que virou numa competição.

Atribuíram, equivocadamente, a ele, a frase “Melhor morrer de vodca que de tédio”. Ela, entretanto, é de autoria do escritor russo Vladimir Maikovski, considerado um dos maiores poetas do século XX.

Seu irmão declarou que ele não bebia em excesso. Quando perguntado por que, então, Humberto Moura Fonseca, bebeu tanto, a resposta foi: “quando se reúnem são como uma manada, todos são empurrados para uma mesma direção”.

Será que poderíamos falar de ente coletivo constituído por um grupo que se reúne sem propósito definido, só para desfrutar o ócio, capturar o momento como se nada mais importasse senão sorver a taça da alegria imediata e fugaz?

Quando os homens se abandonam na multidão, abdicam seu direito de ser e pensar, para se tornarem uma massa humana à espera de um comando que os levem em direção a atos impensados, de momento, que tanto podem produzir grandes mudanças ou grandes tragédias.

O que levou a multidão a escolher Barrabaz e crucificar Jesus? O que leva multidões a fazerem escolhas erradas que conduzem a um fim trágico?

O autor de Provérbios diz (cp. 1, vs. 10 em diante):

“Filho meu, se os pecadores querem seduzir-te, não o consintas.” “Se disserem – vem conosco, embosquemo-nos para derramar sangue, espreitemos, ainda que sem motivo os inocentes; traguemo-los vivos, como abismo, e inteiros, como os que descem a cova; acharemos toda sorte de bens preciosos; encheremos de despojos a nossa casa; lança a tua sorte entre nós, teremos uma só bolsa”.

Observem a ultima frase “lança a tua sorte entre nós, teremos uma só bolsa”.

O convite do ente coletivo dominado por espíritos enganadores é “bebamos juntos, vamos ver quem é o melhor, quem bebe mais, lança a tua sorte entre nós”.

Salmo 1 nos aconselha a não nos assentar “na roda dos escarnecedores”.

A frase “melhor morrer de vodca que de tédio” é um escárnio, porque despreza o bem mais precioso que Deus deu ao ser humano – a vida.

Mas pessoas que formam um ente coletivo, uma massificação, não se preocupam com consequências, querem que todos se lancem numa vala comum.

A frase oferece uma ideia de que a única opção contra o tédio é a bebida.

Mas quantas coisas lindas podem ser feitas, quantas oportunidades de servir ao próximo, de desenvolver talentos, de se expressar através da arte, de cultivar a natureza, e os valores que ela imprime em nós, de beleza, simetria, sons, perfume.

“Algo de animal humano insiste em se alojar na inconsciência como defesa contra a angústia… Porque a vida dói… O mundo real está cada vez mais perto, o monstro engolidor de gente e rotinas”, frases atribuídas a Maria Lucia Homem, psicanalista (Fonte: Jornal O Estado de São Paulo – Estadão, [1]).

Como se livrar do animal humano, de vencer a dor da vida, encarar o mundo real, enfrentar o monstro engolidor?

Será que nos resta apenas a opção de morrer de vodca ou de tédio?

O evangelho de Cristo é poder para salvação, libertação, e sustentação das nossas vidas. Jesus Cristo é o Senhor vitorioso que quebra nossos grilhões. A igreja é o braço acolhedor de Deus.

Eis O caminho.

Cada dia aumenta o contingente de jovens que aos 14 e 15 anos procuram se autoafirmar nas muitas tribos que vivem nesta aldeia global. O apelo “venha, lança a tua sorte entre nós, tenhamos uma só bolsa” está cada vez mais forte, “há caminhos que para os homens parecem ser bons, mas o fim deles é a morte”.

É preciso resistir ao primeiro gole, à primeira dose. Caso contrário, você terá o mesmo fim de Humberto Moura Fonseca. Não se iluda, não pense que você é forte, que você conhece seus limites, que só bebe socialmente.

Se a bebida mata tantas pessoas, destrói tantas vidas, ao beber socialmente, tomar apenas um gole, você faz parte do “marketing”: “beba com moderação”; você faz parte da propaganda para beber, é conivente e flerta com o “animal humano que insiste em alojar na inconsciência como defesa contra a angústia”; você está cada dia mais perto do “monstro engolidor de gente e rotinas”.

Você é tão culpado, quando bebe socialmente, quanto os que, ao dirigirem embriagados, provocam acidentes que vitimam inocentes a ficarem aleijadas, incapacitadas para o trabalho, produzem órfãos, dilaceram vidas.

Seu ato incita outros a imitá-lo, seguir os seus passos. Você é visto, observado e seguido.

Somos perfume de vida para vida, ou de morte para a morte.

Terminava este artigo quando li a seguinte notícia – “A combinação de carro e álcool, matou nesta quarta feira dia 11, uma estudante de direito de 21 anos, que após passar a noite em um bar, bateu o carro em um poste” [2].

“Em Natal a noite terminou em tragédia para uma estudante de direito, de 21 anos.” “Momentos antes de bater o carro a jovem havia mandado uma mensagem para amigos, com uma piada de mau gosto em que perguntava se podia morrer bêbada.” “Um amigo respondeu: Morra não” [2].

“Melhor morrer de vodca que de tédio”. Como uma frase de um poeta pode se tornar um espírito enganador e assassino? Como nos conselhos dos ímpios se escondem a própria face do inferno, e não conseguimos ver, e insensíveis, caminhamos sem perceber o mal que nos espreita?

Termino com a frase do sociólogo José de Souza Martins, publicada também no Estadão: “é o tudo ou nada do radical descompromisso com o tempo atual, em que tanto importa viver quanto morrer” [3].

E para você importa?

O Jornaleiro.

Referências Bibliográficas

[1] Maria Lucia Homem. “A musa da inconsciência”. [Online]. Disponível em: <http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,a-musa-da-inconsciencia,1646425>.

[2] Redação Jornal da Band. “Jovem bate carro após perguntar se podia morrer bêbada”. [Online]. Disponível em: <http://noticias.band.uol.com.br/cidades/noticia/
100000741029/Jovem-bate-carro-apos-perguntar-se-podia-morrer-bebada.html>.

[3] José de Souza Martins. “Ritual de moagem”. [Online]. Disponível em:< http://alias.estadao.com.br/noticias/geral,ritual-de-moagem,1646423>.

Voltar




0 comentários