O Evangelho segundo Simão, o mago

27 de fevereiro de 2014 / 1 Comentário

spedroAtos cap. 8 vs.9 a 13 e vs. 18 a 24 relatam sobre Simão, um mágico que aparentemente se converteu e foi batizado e que vendo Pedro impor as mãos para que pessoas recebessem o poder do Espírito Santo, quis comprar esse dom, sendo severamente repreendido.

Há relatos não bíblicos de que este Simão se apostatou da fé e criou uma religião que procurava imitar o evangelho, principalmente os dons espirituais.

Não deixa de fazer sentido observando-se a conduta deste homem que queria ter o dom para usa-lo em proveito próprio. Como não o conseguiu através de Deus, enveredou-se pelo caminho das trevas e deve ter logrado algum êxito.

Simão tornou-se, ainda segundo relatos não bíblicos, um falsário de dons, sendo usado pelo maligno para enganar os incautos.

Este poder de engano tem acompanhado a igreja pelos séculos a fora. O espírito maligno que dominou a vida de Simão o mago, continuou formando seguidores que sistematizaram um evangelho mágico, produzindo não por Deus, mas pelos principados e potestades de que nos fala a carta aos Efésios.

Assim como os magos do Egito imitavam os milagres feitos por Moisés, os seguidores de Simão o Mago, imitam dons espirituais.

Eis um relato interessante que transcrevo extraído de “Guerra contra os Santos”, escrito por Jessie Penn-Lewis, publicada pela primeira vez em 1912 :

“Os resultados do Reavivamento do País de Gales, que foi uma verdadeira obra de Deus, revelaram várias almas sinceras sendo levadas e seduzidas por poderes malignos sobrenaturais, que elas foram incapazes de discernir como não sendo obra de Deus”

“Já que os espíritos malignos podem imitar a Deus como Pai, o Filho e o Espírito Santo, o crente precisa conhecer muito claramente os princípios sobre os quais Deus opera, para distinguir entre as obras divinas e as satânicas.”

Há uma enxurrada de modismos e de novas doutrinas varrendo as igrejas e que é um movimento orquestrado e sistematizado dos espíritos malignos semelhantes ao que atuaram em Simão, o Mago.

Também ocorrem imitações de operações do Espírito Santo, de carismas, dons espirituais, que seduzem aqueles que estão ávidos por algo miraculoso e sobrenatural.

As operações do Espírito Santo, os dons, são bíblicos e são ofertados aos fiéis como ferramenta de trabalho e não como espetáculo. O cristão verdadeiro precisa estar buscando discernimento quanto a isto, por que se não vigiar pode estar sendo iludido ou seguindo o evangelho mágico.

Os seguidores de Cristo devem estar observando sempre as vidas que pregam o evangelho ou que são usadas com carismas. São pessoas que renunciam, oram com intensidade, buscam a santificação, procuram a glória de Deus, não fazem alarde dos seus dons, não se valem deles para se promover?

Numa reunião de avivamento o povo ficou encantado com certo pastor que disse que foi arrebatado e conversou com Paulo. Pouco tempo atrás encontrei um cristão que lembrava empolgado desse relato. Não tive coragem de dizer-lhe que o referido pastor arrecadava dízimos de pessoas incautas, doentes terminais, senhorinhas com dinheiro na poupança, para uso próprio. Ele foi disciplinado pela nossa denominação.

Os dons espirituais não foram restritos aos tempos apostólicos, eles só se findarão com a volta de Jesus, mas no meio do trigo há o joio, no meio do verdadeiro, o falso.

O que distingue um do outro é a procedência, do Espírito Santo ou dos espíritos enganadores, das vidas santas, genuinamente convertidas, ou das vidas que praticam o pecado, das que vivem para glória de Deus ou das que vivem para sua própria glória. “Pelos frutos se conhece a árvore”.

Outra distinção importante é o ensino, o evangelho puro ou o falsificado.

O puro é o ensinado por Jesus e pelos apóstolos. Se Jesus ensinou prosperidade, esse é o puro, se ele viveu na prosperidade, esse é o puro. Se Jesus ensinou que a felicidade está atrelada ao temporal, esse é o puro. Se ele ensinou que não teríamos aflições neste mundo, mas só felicidade, esse é o puro. Se ele não combateu o pecado, o que não combate, é o puro.

Tudo que apareceu “de novo” de 50 anos atrás até aqui é falsificado, não se pode deixar 2000 anos de teologia, dos ensinos dos pais da igreja, Orígenes, Agostinho de Hipona, Lutero, Calvino, e tantos outros, por ensinamentos que não resistem a uma exegese honesta e séria dos textos bíblicos originais.

A receita que dou para os que querem dons espirituais e que às vezes procuram-nos em outros, ou são seduzidos pelos que os outros têm, é que busque para você, para sua vida, para que o seu dom seja um instrumento de conversão de pecadores, por que nosso objetivo é esse dar frutos, trazer pessoas aos pés de Cristo.

Mas é preciso trabalho de parto para que o dom venha à luz,  horas de oração, leituras, estudo bíblico, serviço abnegado, busca das virtudes de Cristo, bondade, humildade, mansidão, temperança, domínio próprio, pureza, santidade, renuncia, estar sob autoridade a igreja e de pastor que exemplifique Cristo.

Escolha o caminho íngreme, difícil, uma montanha a ser escalada, ou escolha ser simpatizante, admirador ou seguidor do evangelho mágico, de Simão, o mago.

O herói salvador aparece a cada esquina, propondo soluções e porções mágicas, vigie e ore sem cessar, e que Deus tenha misericórdia de todos nós.

O jornaleiro.

Voltar




1 comentário

  1. Elaine disse:

    Misericordia, sim é o que peço.