O SILÊNCIO DA ALMA

3 de junho de 2015 / 0 Comentários

O silêncio da almaEstava a meditar à beira de um lago, vendo águas calmas, o céu sereno e a natureza em sua exuberância. Pensava para onde iria dirigir meus pensamentos, quando de súbito comecei a refletir, não sei se era de mim – como Paulo diria se no corpo ou no espírito –, não sei.

Por que querer procurar as palavras, correr atrás delas como se fossem borboletas, laçá-las tomando-as por cavalos selvagens?

Não! Eu vou parar, deixar minha mente livre. Quem sabe devagar, devagarzinho elas virão, sorrateiras, aparentando nada querer, e de repente, se unirão formando frases, períodos, parágrafos, com significados ainda não atingidos.

Foi o que fiz.

Por que usar palavras para orar? Ficar preocupado em pedir, interceder, clamar?

Há poucos dias atrás, disse para uma irmã querida quando dela disse que iria orar por determinado problema: “Não ore, fique em silêncio!”

Quando a dificuldade é de tal monta, que ficamos sufocados, tomados pela angústia, é melhor ficar quieto e esperar.

Os pensamentos vieram, sem que eu os provocasse. Lembrei-me dos profetas. Em muitas situações por eles vivenciadas nós lemos:

“E veio a mim a Palavra do Senhor, dizendo…”

É no silêncio da alma que Deus fala. No caso de Elias, o profeta, quando na caverna, fenômenos ocorreram, houve um terremoto, e a palavra diz – Deus não estava nele – houve um vento fortíssimo, Deus não estava no vento, depois – quando tudo se tornou silente – uma voz.

A consciência da presença da divindade deve nos emudecer – “O Senhor está no seu santo templo, cale-se diante dele toda terra”.

É difícil deixarmos de ficar ansiosos. Estamos sempre apreensivos. Também é difícil deixar de nos preocupar. No mundo “on line” de hoje, é tudo uma correria louca, um fazer e desfazer contínuo, uma busca cega do imediato.

É interessante o Salmo 62.1 – “Só em Deus a minha alma espera silenciosa.”

O Salmo 131.2 – “Senhor, não é soberbo o meu coração, nem altivo o meu olhar; não ando a procura de grandes coisas. Nem de coisas maravilhosas demais para mim.”

“Pelo contrário, fiz calar e sossegar a minha alma”…“Como a criança desmamada se aquieta nos braços de sua mãe, como essa criança é a minha alma para comigo.”

Não temos a graça e o poder que os apóstolos tinham para dizer ao paralítico – “Levanta-te e anda”, porque não temos unção para dar ordem à nossa alma, fazendo-a calar e sossegar, pelo poder do Espírito Santo.

A Bíblia nos ensina que há tempo para tudo, há tempo para clamar, chorar aos pés da cruz, confessar, mas é preciso tempo para “fazer calar e sossegar a nossa alma”, “da nossa alma esperar silenciosa em Deus”.

“E disse o Espírito a Felipe – vai à estrada que desce de Jerusalém a Gaza, porque está deserta.”

Não há nada mais lindo, sublime, do que ouvir a voz do Espírito. Cada vez mais não a estamos ouvindo, por isso estamos secos, sem vida, correndo daqui para lá. Às vezes de igreja a igreja, de profeta a profeta, outras vezes, de loja em loja, experiência a experiência, do celular para o notebook, do tablet para o fone de ouvido.

Deus fala de muitas maneiras, advertindo, ordenando, chamando a nossa atenção, mas só fala coisas íntimas, confidências do seu coração, quando fazemos calar e sossegar a nossa alma.

No silêncio da alma, uma voz, não como um trovão ou vento, mas de forma tão sutil, meiga e serena, que se torna quase imperceptível. Essa voz não compete com nenhum som, cor ou imagem, ela é única e seu significado nos traz a consciência do divino em nós, templos do Espírito Santo de Deus.

“Fiz calar e sossegar a minha alma”. “Só em Deus a minha alma espera silenciosa”… No silêncio da alma… “E veio a mim a Palavra do Senhor dizendo…”

Na maioria das vezes que Deus falou pessoalmente aos profetas, Ele usou os verbos Ir e o Sair. Vai para a estrada, vai a Nínive, vai à casa do oleiro, sai da tua terra e da tua parentela, sai da Babilônia.

Para ir é preciso sair. É óbvio. Ir significa submissão a vontade de Deus, sair significa renunciar, deixar coisas para trás.

Quando não conseguimos fazer a vontade de Deus é porque não conseguimos renunciar.

Outro aprendizado que nos traz a meditação é que nunca iremos ouvir se não estivermos dispostos a obedecer. Comece seu caminho na estrada real da obediência, fazendo calar a sua alma, e que Deus fale no silêncio de sua alma.

O JORNALEIRO.

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