PERSEGUIDOS PELA INTOLERÂNCIA
24 de junho de 2015 / 0 ComentáriosA Igreja Episcopal Metodista Africana, Charleston, Carolina do Sul, Estados Unidos, é frequentada só por negros. Ela se desenvolveu historicamente como sendo de escravos africanos. Seus descendentes não podiam rezar ao lado de brancos nem ocupar posições de liderança em igrejas brancas. (Fonte: Revista Veja)
Na última quarta-feira, 17 de junho, o jovem Dylann Roof, 21 anos, entrou calmamente nesta igreja, onde foi recebido com amor, e sentou-se para ouvir um estudo bíblico. Ninguém poderia imaginar a tragédia que estava prestes a acontecer, vitimando nove pessoas e trazendo consternação à toda sociedade norte americana, a ponto de levar Barack Obama a afirmar:
“Em algum momento nós, como país, teremos de encarar o fato de que esse tipo de violência em massa não acontece em outros países desenvolvidos”.
A motivação para o crime foi ódio racial como declarado por Dylann em manifesto escrito: “Negros têm QIs mais baixos, menos controle de seus impulsos, e níveis mais elevados de testosterona em geral”. “Essas três coisas são uma receita para comportamento violento”. (Fonte: Jornal O Estado de São Paulo)
Dylann se coloca como o salvador do planeta, vendo nos negros todos os problemas da humanidade. Segundo o jornal Estadão, “ele se dizia disposto a se aliar aos moradores do nordeste da Ásia e … a salvar brancos que vivem em países latinos, entre eles o Brasil”. (Fonte: Jornal o Estado de São Paulo)
Mas na Europa, em estádios de futebol, por exemplo, e no Brasil, pessoas são perseguidas pela intolerância racial, religiosa, e por razões de opção sexual.
Os cristãos, quando perseguidos por intolerância, não devem confrontar o(a) perseguidor(a), mas regozijar-se em Deus, pois é assim que nos ensina Jesus em sua Palavra. Devemos ser tolerantes com todos os homens sem, contudo, compactuarmos com os seus pecados.
Extraímos o seguinte relato do articulista Carlos Heitor Cony, do Jornal Folha da Tarde:
“No Brasil de 2015, a intolerância religiosa está mostrando a sua face em ataques a terreiros, cemitérios e até crianças”.
“Em poucos dias, fanáticos apedrejaram uma menina de 11 anos que voltava de um culto de candomblé, danificaram o túmulo do médium Chico Xavier e atacaram um templo carioca de umbanda, destruindo a imagem de uma santa”.
“Os episódios ocorreram na mesma semana em que a Câmara começou a discutir um projeto que transforma o “ultraje a culto” crime hediondo”.
“No texto, o deputado evangélico Rogério Russo ataca a Parada Gay e afirma que o país vive uma onda de Cristofobia”.
“O clima de ódio é alimentado por pregadores radicais”.
Novamente saliento que o cristão deve receber os atos de intolerância, quando contra ele desferidos, como uma ovelha muda, imitando o Nosso Senhor Jesus Cristo. Deve também ouvir a sua recomendação de não responder ao mal com o mal e regozijar-se quando perseguido.
Como cristãos é nosso dever recusar qualquer sentimento de rejeição às pessoas, não alimentar nenhum tipo de intolerância. Dentro da Igreja assistimos com tristeza intolerância entre irmãos, líderes e pastores.
Alimentamos mágoas eternas, antipatias perenes, males que nunca são curados. Ficamos horrorizados ao sabermos de agressões e até assassinatos gerados pela intolerância, mas não conseguimos olhar para dentro de nós e vermos quanta animosidade, espírito faccioso, antipatia, malquerença, ressentimento estão guardados nos nossos corações.
Será que alguém poderá dizer diante de Deus – desse mal eu não padeço?
Acredito que não. Todos nós somos igualmente culpados. Declara-nos a Bíblia, em Romanos: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”. Devemos nos ver, por mais absurdo que pareça, na pele de Dylann Roof, nas mãos dos que jogaram pedras na criança que saia de um culto de candomblé, nos vândalos que atacaram o túmulo de Chico Xavier.
Só conseguiremos nos salvar desta geração perversa, se soubermos olhar para nós e gritarmos: – “Miserável homem que sou, quem me livrará o corpo dessa morte? Quem me libertará? Quem provocará uma catarse[1] dentro de mim me libertando dos meus demônios, do espírito de Caim?”
Nossa libertação deve ser diária. Nossa peregrinação ao Calvário deve ser constante. Só morrendo na cruz é que vivemos. E esse morrer deve ser tudo que somos e pensamos, de todos os nossos desejos e paixões. Se não for diária e dolorida, não é morte.
“Cada dia morro”, dizia o apóstolo. A todo instante há uma fera dentro de nós para ser vencida, uma intolerância, uma antipatia, uma malquerença, um rancor, um ressentimento, um ódio.
Não sejamos intolerantes. Pertencemos a uma Igreja que sofreu toda espécie de aflições, martírio e morte. Por sermos vitimados pela intolerância, nossa história traz um rastro de sangue.
Saibamos, também, a agir como Cristo agiu ao ser perseguido pela intolerância, como ovelhas mudas, para não sermos seus protagonistas.
“Bem aventurados sois, quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo disserem todo mal contra vós”.
“Regozijai-vos e exultai, porque é grande o vosso galardão nos céus, pois assim perseguiram aos profetas que vieram antes de vós”.
O Jornaleiro.
[1] Catarse é uma palavra utilizada em diversos contextos, como a tragédia, a medicina ou a psicanálise, que significa “purificação”, “evacuação” ou “purgação”. Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um drama (Fonte: Wikipedia).
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