
POLÍTICA NA IGREJA
28 de maio de 2014 / 0 ComentáriosTranscrevemos excertos da coluna da jornalista Vera Magalhães, do dia 19 do corrente mês:
“Rebanho” – “Políticos protagonizaram a festa de aniversário do Pastor Samuel Ferreira da Assembléia de Deus no sábado em São Paulo.” “Subiram ao palco o Vice-Presidente Michel Temer (PMDB), o senador Aloísio Nunes (PSDB) e o presidenciável Pastor Everaldo (PSC)”
“Oremos” – “Os quatro principais pré-candidatos ao governo paulista também estiveram lá.”
“Linha direta” – “O pastor agradeceu em público a Dilma por ter telefonado para cumprimentá-lo pelo aniversário, e registrou o horário exato do telefonema 19 horas e 5 minutos”.
O jornal A Folha de São Paulo também registrou :
“Aleluia, irmãos”
“Na comemoração do aniversário do Pastor Samuel Ferreira, da Assembléia de Deus, no último sábado, o ex-governador de São Paulo José Serra (PSDB) se disse impressionado com a quantidade de políticos reunidos na igreja. Em seu discurso, o tucano brincou:
O pastor ainda conseguiu a proeza de converter o Aloísio Nunes em evangélico. ”
“Logo depois, coube ao ex-governador a leitura do Salmo 23. O pastor arrematou:
– Serra, acho que foi você que foi convertido! ”
Nada acrescentei aos textos acima, eles são fiéis transcrições do que foi escrito na coluna de Vera Magalhães e na Folha de São Paulo. Analisemos estes textos. Eles estão elogiando a igreja ou escarnecendo da igreja? Observem a forma como o texto foi exposto – Rebanho, Oremos, Linha Direta, e o da folha Aleluia, irmãos.
Rebanho – A articulista está dizendo que todos os políticos presentes participavam de um só rebanho? O que entendemos por rebanho? São aqueles que convertidos a Cristo estão submissos a Ele, são membros de um corpo e comungam a fé bíblica. Ora, se esses políticos não se enquadram nessas premissas, não são evangélicos e nem pertencem ao rebanho de Deus. A dedução é que o texto está satirizando a igreja, escarnecendo dela e não elogiando-a.
Oremos – A oração é nosso acesso à graça divina, nossa comunhão íntima com Deus Pai, Deus Filho, Deus Espírito Santo. Ela deve ser séria, santa, cheia de devoção. É um ato de amor a Deus e ao próximo, quando a usamos para interceder pelos aflitos. O oremos citado pela articulista está relacionado a que? Aos quatro pré-candidatos ao governo paulista. Vamos orar para que os quatro sejam eleitos? Bem, uma oração assim é algo maior do pedir o transportar de montes. É fé além da imaginação. Trata-se, portanto de uma crítica ferina e mordaz.
Linha direta – Com Deus? Unamos os destaques do texto: rebanho, oremos, linha direta. Um hermeneuta iria interpretar que o rebanho está reunido, em oração e em linha direta com Deus. O véu foi rasgado e agora todos os lavados pelo sangue de Cristo tem livre acesso ao Pai, em um Espírito. Essa é nossa linha direta. Os obstáculos do pecado foram vencidos, podemos chegar com confiança ao trono da Graça. Mas não é essa a conclusão da jornalista. A linha direta foi com a Dilma. E como este fato merece ser guardado na memória (Quero guardar na memória aquilo que me dá esperança), o horário foi registrado: dezenove horas e cinco minutos. Trata-se, novamente, de linguagem de escarnecedores.
Vamos agora para o texto da Folha de São Paulo – Aleluia, irmãos.
Ele fala da brincadeira que José Serra fez com Aloísio Nunes – “o pastor conseguiu converter o Aluisio”, daí o Aleluia, irmãos! Mas não para aí. Quando José Serra vai ler o Salmo 23, o pastor brinca com José Serra, “acho que foi você que foi convertido! ”, “Aleluia irmãos”. A conversão é para ser evangélico, ou para ser Cristão? é obra dos homens ou obra do Espírito Santo?
Os detalhes que sei sobre o evento são os que os jornais noticiaram, mas tudo leva a crer que se trata de um culto de ações de graças, pelo aniversário do pastor.
Poderia se argumentar favoravelmente usando o texto do banquete que Matheus fez depois de converso e chamou seus amigos publicanos e pecadores, pelo qual foi criticado pelos fariseus. Mas, no caso de Matheus, a finalidade era que os publicanos conhecessem Jesus e não promoção de ordem pessoal. E eles não foram chamados para falar, e sim para ouvir. Não foram chamados para subirem ao palco e repartir o púlpito com eles. Jesus é a autoridade, Ele é o Verbo Encarnado, é só a Ele que devemos ouvir.
No sermão do monte Jesus, ao tratar do pecado, não se preocupa tão somente com a ação pecaminosa, mas com a intenção. Questionamentos devem surgir em razão desses artigos que analisam um fato. Qual a intenção da igreja e do pastor ao convidarem esse “rebanho” de políticos para comemorar na igreja o aniversário do pastor? E a intenção dos políticos ao irem a esta reunião? A igreja, não somente o lugar físico, mas a Eclésia, a reunião dos santos, mesmo que seja para ação de graças por um aniversário, não deve ser para adoração AO ÚNICO QUE É DIGNO DE RECEBER A HONRA, A GLÓRIA E A ADORAÇÃO? No caso, para quem foi a glória? Para o pastor? Para os pré-candidatos ao governo de São Paulo? Para José Serra? Aloísio Nunes? Para Dilma?
Deixo as conclusões para você, leitor deste blog.
O Jornaleiro.
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