Publicado em 5 de agosto de 2023
E o sol encheu o meu quarto,
Enquanto flores aladas voavam por toda parte.
Ouviam-se sons altissonantes de harpas douradas que cantavam
Em explosões de júbilo e louvor.
Perguntei – atônito –
O que pode ser isto?
É o Rei chegando para visitar o pobre e necessitado.
A glória divina, ofuscante e bela,
Trazendo a manhã gloriosa
Do novo céu e da nova terra.
Perfumes de luzes e vozes de querubins
Permearam a alma
Já quase sem vida.
Não para os fortes é a graça divina,
Mas para os fracos,
Porque é na fraqueza que Deus opera.
É barro que Deus transforma,
O pigmeu torna-se um gigante.
Faz-me, Senhor, a cada dia
Mais pó,
Menor que areia.
Quebra-me,
Despedaça meu orgulho.
Que eu possa ver quão pequeno sou.
Leva-me para a manjedoura,
Para as águas barrentas do Jordão.
Oh monte das Oliveiras, quero ouvir os soluços do Salvador por mim!
Cruz ensanguentada, só contigo, preso a ti,
Posso ver o céu se abrir,
E nele entrar.
O JORNALEIRO
05.ago.23
Publicado em 14 de julho de 2023
Deus permite que tenhamos intimidade com Ele. As figuras que a Bíblia usa para mostrar como Ele se relaciona conosco, a de um esposo com esposa, filho com pai, pastor com a ovelha, deixam bem claro como ele quer abrir o coração para nós, amar com intensidade, confidenciar verdades inescrutáveis.
Quando oramos é com ousadia, “cheguemos com confiança ao trono da graça”, ou, em lágrimas de arrependimento e confissão, e, muitas vezes com gritos de jubilo e louvores altissonantes. É nosso Pai, é nosso Pastor, nosso Consolador, podemos bater à sua porta a todo instante, a qualquer hora e em qualquer lugar.
Temos o exemplo na Bíblia da mulher que tinha um vaso de alabastro de perfume caríssimo que o quebrou e derramou sobre Jesus e Ele disse que ela estava profetizando a sua morte. Também lavou os seus pés com lágrimas e os beijava em profunda dor pelos seus pecados, arrependimento e gratidão pelo perdão divino.
Às vezes passamos de largo por esta cena. Ela, no entanto, é impressionante. Não me lembro de nenhuma outra passagem da Bíblia que Jesus permite tamanha intimidade com ele. Nasce do perdão a quem muito pecou, na visão dos homens da sua época a que mais pecou, porém, a que mais foi perdoada.
Intimidade que nasce de um arrependimento em que o coração é rasgado – “Rasgai os vossos corações e não os vossos vestidos”, “Chorem sacerdotes, ministros do Senhor, entre o alpendre e o altar e clamem: Poupa, ó Senhor o teu povo”.
Corta-me o coração ver como a mulher é tratada em nossos dias, desvalorizada pela sociedade que a vê como objeto de prazer, mal-amada por maridos que não valorizam o seu afeto e dedicação – não ficarão impunes no dia do juízo.
Serão cobrados pelo talento que Deus colocou em suas mãos para que valessem cada dia mais em honra e dignidade e não adianta dizer que as entregaram ao Senhor como receberam, uma vez que terão de devolvê-las mais amadas –
“Amai as vossas mulheres”.
Jesus permitiu uma intimidade sem precedentes nas Escrituras de uma mulher considerada a mais indigna pelos homens do seu tempo.
Mas nunca devemos nos esquecer que temos de temer e tremer diante d`Ele. Às vezes me surpreendo falando grosso e alto diante do Senhor e uma voz lá dentro me diz – cuidado, se Ele surgisse diante de você agora como o fez a João você cairia como morto!
Quando falar com Ele, lembre-se – pode abrir seu coração, mas com temor, pode ser ousado, mas com humildade, nunca se esqueça com quem você está falando. Não disse Ele a Moisés – “Tira a sandália dos seus pés, porque o lugar que pisas é santo”? E a Jacó – “Quão terrível é este lugar”.
Há ocasiões nas quais temos que ficar até mudos, sem palavras, em estado de profunda humilhação, só curtindo a nossa insuficiência e pequenez. Há um exercício que faço com frequência: fico pensando no cosmos, na imensidão do universo, “quem é o homem mortal para que dele te lembres”?
Diante da grandeza infinita de Deus me recolho na minha pequenez e insuficiência, nada falo, nada peço, só choro baixinho, escondido no âmago da minha alma.
O JORNALEIRO
14.jul.23
Publicado em 11 de julho de 2023
Assim disse André Valadão:
“Aí Deus fala: Não posso mais, já meti esse arco íris aí, se eu pudesse eu matava tudo e começava tudo de novo. Mas prometi pra mim mesmo que não posso, então agora está com vocês. Vou repetir, agora está com vocês”.
Transcrevo acima, literalmente, as palavras pronunciadas pelo ilustre “pastor” André Valadão, líder máximo da Lagoinha Global com inúmeras igrejas espalhadas dentro e fora do país.
Observações técnicas importantes sobre o assunto em tela:
– Precisamos ter cuidado com a linguagem que usamos ao pregar. Nossa linguagem deve ser polida, sem palavras chulas. A expressão usada “já meti esse arco íris aí” demostra falta de cultura e desconhecimento do vernáculo. Tratando-se de um líder tão importante aos olhos de seus seguidores e de tantos outros crentes de mentes obscurecidas, era de se esperar uma melhor postura.
– O tom usado é de natureza profética: “Aí Deus fala”. É muito sério isso, porque ele está falando como se fosse um profeta que ouviu uma voz vinda do Espírito Santo. Ele expõe um estilo muitas vezes usado, por pregadores carismáticos, mas baseada na Bíblia. No entanto, está longe de apresentar um enunciado estritamente bíblico. Basta acompanhar o significado total da sua elocução para se perceber isso.
– Teologicamente é um desastre. Ele diz, falando como se fosse Deus: “se eu pudesse”, como se Deus não fosse o Todo Poderoso. Para Deus não existe o “se”, ou o “talvez”, o que Ele quer ele faz. O Deus do “se pudesse” não é o Deus “Eu sou”, mas um deus pagão criado na imaginação de um homem que se chama André Valadão.
– Doutrinariamente insustentável. Não é porque Deus estabeleceu o arco íris como sinal de aliança declarando que não destruiria a terra novamente com o dilúvio que Ele não possa destruí-la através do fogo. “Mas os céus e a terra que agora existem pela mesma palavra se reservam como um tesouro para o fogo, até o dia do juízo, e da perdição dos homens ímpios” 2 Pedro 3.7. A instrução bíblica recebida por esse pastor é completamente insólita e compromete àqueles pastores que “manejam bem” a palavra da verdade. “Procura apresentar-te a Deus, como obreiro aprovado, que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra da verdade”. 2 Timóteo 2.15.
– A resposta que ele apresenta como solução para o problema da paixão sexual sem limites, ou seja, a luxúria, não é solução, é um apelo a violência. Lembra a JIHAD, um termo islâmico que significa luta, mas para os terroristas significa uso da violência, até assassinato para impor as suas ideias. Convém salientar que esse significado mais radical é usado só por terroristas, pessoas que deturpam os ensinos da fé islâmica. No caso sob análise a deturpação foi da fé cristã.
– A proposta que ele apresenta como solução é que os crentes assassinem, matem todos os que estão inclusos no pecado do homossexualismo, ignorando que não existe régua que meça o pecado, uma vez que o pecado de xingar o irmão de louco é igual a qualquer outro pecado. “Cobiçar uma mulher” no pensamento basta para ser pecado e creio que dificilmente exista alguém que não o haja feito.
– Aqui apresento bem rapidamente minha visão sobre os problemas de desvios sexuais. Saliento que considero que o apetite sexual sem limites, luxúria, é um pecado afeto à humanidade em geral. Pessoas regularmente casadas podem cometer esse pecado, solteiros, mulheres no caso de mulheres com mulheres, homens com homens, homens com mulheres. O pecado da imoralidade sexual, luxúria, está presente em toda humanidade em quaisquer tipos de relacionamentos de ordem sexual,
O amor não é sexo, mas o sexo deve ser feito com amor. Não existe amor livre porque o amor é responsável. Antoine de Saint-Exupéry que o diga: “Tu te tornas eternamente responsável por quem tu cativas”. No hino ao amor, capitulo treze de primeiro Coríntios, temos uma descrição do verdadeiro amor. Pena que o espaço seja pequeno para melhor expor esse assunto, mas creio que apresentei uma ideia bem sucinta que aponta para a sublimidade do amor que é totalmente diferente das paixões humanas carnais, digam elas a quaisquer tipos de relacionamentos sexuais.
– Finalmente dizer que cabe a nós fazer o que Deus não pode fazer é colocar o homem acima de Deus e sabemos muito bem de quem é esse sentimento de se colocar acima do Altíssimo. “A lei e o testemunho se eles não falarem segundo esta palavra, é porque não há luz neles” Isaias 8.20. A Igreja precisa estar alerta porque igrejas grandes não significa que sejam puras e bíblicas. Cuidado com o show, muito som, muita música, pouca Palavra e cheia de…sermões perigosos.
O JORNALEIRO
10.jun.23
Publicado em 29 de junho de 2023
Transpassando folhas macias
De árvores voltadas para o céu azul.
Eles projetam no meu caminho
Que desce ao vale,
Luz e sombras.
Sombra e luz, quais perfumes
Que flores soltam abrindo as pétalas de suas prisões.
Sombras e luz,
Vindas de solares raios,
Cantam uma música
Só para mim.
Tudo se amalgama…
Tudo se mistura…
Sombras e luz!
Raios de sons dourados,
Perfume de flores,
Folhas de árvores para o céu voltadas.
Sentimentos, sensações, começam a dançar,
Enquanto meus passos vão vencendo
As milhas que o Nazareno andou,
De Cafarnaum a Betânia,
Do profundo azul, ao abismo da terra.
Sombras e luz nos pés feridos
Que mesmo sangrando ainda caminham.
No seu andar,
Sombra e luz,
Morte e vida,
Ressurreição e esperança.
Ei-lo a caminhar comigo
Na minha vida
De sombra e de luz!
As pétalas soltam de suas prisões os seus perfumes,
O túmulo não mais aprisiona e nem detém a vida…
Sombras e luz e raios de brilhos reluzentes,
Voz de muitas águas…
É a vitória da luz sobre as sombras!
E um brado ressoa pelo espaço infinito:
Sou a vida,
Sou a ressurreição,
Quem em mim crer, jamais morrerá!
O JORNALEIRO
29.jun.23
Publicado em 27 de junho de 2023
Há uma ligação inseparável entre autoridade e poder, um não existe sem o outro. A princípio poderíamos dizer que a causa é a autoridade, a consequência é o poder.
Mas pode existir poder sem autoridade? É uma anomalia, mas existe.
Primeiro examinemos o que é autoridade. As pessoas que moravam na Palestina reconheciam que ele, Jesus, falava com autoridade. Sua fala era diferente da dos escribas, que eram derivadas, não eram originais. Apoiavam-se em ensinos de outras pessoas, como por exemplo, as tradições rabínicas.
A palavra de Jesus era original, não derivada, não se apoiava em ensinos elaborados pelos homens, doutores da lei ou fariseus. Os ensinos de Jesus saíam da fonte, o Pai celestial. Só saíam da fonte porque Jesus vivia em estrita obediência à vontade divina.
A sua vida, como resultante da palavra de Deus, era pura, sem pecado. Ele não era somente o Verbo porque filho de Deus, mas verbo, palavra, porque estava totalmente submisso à voz do céu que vinha para o seu coração.
Os céus estavam abertos e tudo o que lá estava descia para ele, de forma que o seu cálice transbordava, dos seus lábios saiam os mais puros ensinamentos e as mais sublimes verdades, exaladas por uma vida de pura santidade.
Eis o que é autoridade.
Para termos autoridade precisamos viver a palavra em sua inteireza e profundidade, ensino e pratica, narrativa e comportamento, perfeitamente ajustados sem nenhuma mácula ou desvio.
Disto resulta o poder – de se tornar pobre, humilde, simples, puro, verdadeiro, obediente como ele. Qualquer poder que não esteja alicerçado nestas verdades não é de Deus.
Línguas, curas, operação de milagres e maravilhas, carismas de toda sorte, multiplicação de pães, andar sobre as águas, sem a vida correspondente à revelada e demonstrada por Jesus não procede da fonte, não desce do céu. É da terra, dos homens ou dos demônios, menos de Deus.
“Senhor, não profetizamos em teu nome, não fizemos milagres, não expulsamos demônios? Apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”. (Mateus 7:22 e 23)
Eis um exemplo da pessoa ter poder, mas não autoridade. Porém, sempre que a pessoa tiver autoridade ela terá poder. Pode não ter dons de cura, milagres, e outros, mas terá poder, porque terá vitória sobre suas paixões e sobre as trevas que a rodeiam.
Na verdade, a autoridade traz unção espiritual para as nossas vidas, onde Deus compartilha conosco sabedoria, misericórdia, amor e isto é poder, poder espiritual.
A autoridade não vem de nós, mas vem do alto, do Pai das Luzes, de onde vem todo dom perfeito. Dentro desta perspectiva devemos nos concentrar mais na autoridade do que no poder, mas geralmente fazemos o contrário.
Ela advém da prática da palavra, de uma ortodoxia viva, como Jesus nos ensina: “Se vós estiverdes em mim e minhas palavras estiverem em vós…”
Podemos dizer, diante do exposto, que existe um poder legítimo e um ilegítimo. O que advém da autoridade e o que advém da iniquidade. Aqui quero analisar as palavras de Jesus aos que exerciam um poder ilegítimo de curar e operar maravilhas: “Apartai-vos de mim vós que praticais a iniquidade”. Teria a iniquidade poder de executar maravilhas?
Sim, porque ela se origina nas trevas. Enquanto a autoridade é originária da fonte inesgotável que é Deus, a iniquidade vem de fonte maligna, da antiga serpente, enganadora e fatal.
Do que afirmamos, você pode imaginar que perigo correm os incautos, os que imaginam que o diabo transformado em anjo de luz é anjo e não demônio? E hoje com todo aparato tecnológico a serviço das trevas quanto perigo corremos! “Sinais que, se possível fosse, enganariam os próprios escolhidos”.
Só a velha palavra, a velha história, contada de geração em geração de fiéis que apenas se apoiam na palavra revelada, a Bíblia Sagrada, pode nos livrar do presente século mal e nos tornar inabaláveis até a vinda da do Nosso Senhor Jesus Cristo.
O JORNALEIRO
27.JUN.23
Publicado em 23 de junho de 2023
Da criança que não vê a mãe,
Do marinheiro saudoso pela amada,
Meu choro – sonhando com Deus.
Mas Ele disse
Dura apenas uma noite.
Espero o dia
Novo céu, nova terra
Arrebatamento ou Ressurreição?
Não sei!
Mas certeza – encontro com o Rei.
Quero ver as chagas das suas mãos
Para beijá-las
Procurando sentir a um só tempo
Arrebatamento e Ressurreição
Novo céu e nova terra
Cruz, coroa e espinhos
Tudo dentro das chagas nas mãos,
E no meu beijo resumir
Meu afeto, meu pecado, minha alegria, minha dor
O sussurro da minha alma
Saindo da morte para a vida
De mim mesmo para Deus,
– Nas chagas das mãos –
Da incredulidade para a fé
Da escuridão para a luz.
O JORNALEIRO
23.JUN.23
Publicado em 19 de junho de 2023
Descobri isto depois de muito tempo, longos anos se passaram para que me pudesse aperceber como a fé é. Ela foge a qualquer tentativa de compreendê-la. Já se foi a época em que me esforçava por ter fé. Quando ia orar por algum enfermo eu dizia a mim mesmo – agora vou me concentrar e me esforçar para ter fé. Meu esforço mental era respondido por um vazio sem fim.
Passei a ver a fé como confiança, em Deus, na sua palavra. Confesso que foi muito bom, aprendi muito sobre a fé, mas, ainda, era muito difícil para vivenciá-la como uma experiência que satisfizesse, ao mesmo tempo, meu espirito e meu intelecto.
Meditei bastante sobre “Sem fé é impossível agradar a Deus, porque é necessário que aquele que o busca, creia que Ele existe e é galardoador dos que o temem”. Faço sermões sobre esta importante mensagem que a Bíblia traz para o meu coração.
Nela vejo que a fé provoca temor, porque apresenta a justiça de Deus que dá galardão de piedade aos que creem e de correção aos que rejeitam a verdade divina.
Meditei sobre fé em Jesus que estabelece uma ligação de comunhão entre nós e Deus. Jamais podemos dissociar a fé da pessoa bendita de Jesus, pois Ele é o autor e consumador da nossa fé.
Entretanto, minhas idas e vindas, orações e meditações, buscas incessantes na palavra, procurando invadir os recônditos da fé, mostravam-se infrutíferas para mim e difícil de tê-la como uma prática na vida diária.
Até que, de forma simples, comecei a pensar no culto. Pensei – é preciso ter fé para adorar a Deus, naquele momento em que a igreja reunida, canta, ora e ouve a palavra.
Passei a curtir aquele momento. Agir com fé crendo que Deus estava visitando meu coração enquanto os hinos estavam sendo cantados. Passei a ficar “em espirito de oração” durante todo decorrer da adoração pública. Eu estava começando a discernir o grande mistério da fé.
Sempre me lembro quando, ainda iniciando no evangelho, li um livro que falava sobre crer em Cristo. “Quem crer Nele tem a vida eterna” eu disse, estava sozinho, eu creio, eu creio em Cristo, estou salvo! Foi meu primeiro contato com o mistério da fé.
Recentemente uma irmã me falou sobre a conversa que teve com uma pessoa. Ela perguntou-lhe:
– Jesus é Deus?
A resposta foi:
– Sim, Jesus é Deus.
– Ah! a Trindade… Deus Pai, Deus Filho, Deus Espirito Santo.
Logo em seguida a pessoa que estava fazendo uma descoberta, a do mistério da fé, disse:
– É lindo, não sei dizer o que estou sentido agora.
Acabei de pregar no último domingo. Fiz um propósito de pregar só vinte e cinco minutos no máximo. A mensagem que preguei encheu meu coração. Como sempre acontece comigo desde que comecei a pregar aos 17 anos me perguntei: E agora? O que vou pregar a semana que vem?
A resposta veio: “o maná, lembre-se do maná, esqueça isso, com certeza cairá do céu no momento oportuno, como o orvalho que suavemente desse sobre a relva”.
Pensar no que vou pregar? Que bobagem! A mensagem não é minha, é do Senhor. E assim avancei um pouco mais no mistério da fé.
Orar pelos enfermos. Sim. Mas não me esforço, descanso, não me preocupo com a resposta, ela vem do Senhor. Permaneço calmo, sereno, sem grandes emoções, apenas me lanço despreocupado nos braços do Onipotente, deslumbrado com o mistério da fé.
O JORNALEIRO
19.jun.23
Publicado em 13 de junho de 2023
Creio no livre arbítrio, mas não que o homem tenha algum mérito na salvação. A Bíblia é clara a esse respeito: “Pela graça sois salvos”. Como pode existir mérito em mim em fazer esta ou aquela escolha? Sou um ser humano sem pecado por fazer algumas escolhas certas? Ainda que todas fossem certas, ainda assim, eu seria um pobre e miserável pecador, indigno do olhar de Deus.
A soberania de Deus é extremamente valorizada em alguns arraiais evangélicos, mas ela está dentro do que compõe os demais atributos de Deus e uns não devem ser apresentados como mais importantes que os outros. Há um equilíbrio perfeito e santo dentro de Deus e é isto que o torna único. Não posso elevar a ira divina e diminuir o amor, pois Deus não é mais justo do que santo.
Creio, portanto, que Deus é como ele se apresenta em toda Bíblia. Minha fé é simples, de criança. Confio tanto no seu amor em me aceitar como filho, através de Cristo, como na sua soberania em guiar a minha vida e providenciar um plano, todo dele, exclusivamente dele, para minha salvação.
Tudo que Deus é está presente na redenção e tudo que Ele é foi colocado em ação para arrancar-me das trevas e trazer-me para sua maravilhosa luz. A Trindade está envolvida e comprometida com a minha salvação. (Com a sua também).
A minha pequenina mente não chega àquele ponto inescrutável em que Deus disse: vou salvar o Edson. (Coloque seu nome). Só sei que certamente não foi sua soberania a motivação da minha redenção, mas seu amor. Em nenhum lugar da Bíblia há uma frase tão curta e objetiva falando sobre uma virtuose de Deus, como a pronunciada por João: “Deus é amor”.
Não quero saber desta ou daquela corrente religiosa, não quero saber o que eles dizem além do que minha fé de criança diz. Só sei que ele me ama e me salvou. Sei que o amo não porque ele me obriga a amá-lo, mas porque Ele me mostrou quem Ele é. Essa visão me encantou e nada mais quero senão agradá-lo.
A revelação, em seu sentido etimológico, é levantar o véu. Prefiro pensar que Ele levantou o meu véu, abriu os meus olhos para vê-lo. “No livro bendito encontrei palavras de amor e de luz e canto bendito escutei dos anjos saldando a Jesus”.
Por que complicar o que é simples? Lançar sobre as almas dúvidas e um fardo insuportável de doutrinas quando o evangelho é Cristo em nós a esperança da glória? Por que querer saber mais ou menos e deixar de viver a vida com Deus, na doçura da comunhão em espírito com o Cristo vivo?
Os escritos de Paulo, dizia Pedro, eram difíceis de interpretar e os indoutos torciam para sua própria perdição. É indiscutível que eles sejam inspirados, mas nem tudo na Bíblia pode ser explicado pela nossa vã filosofia.
Ninguém consegue explicar tudo, no plano físico e no plano espiritual, mas podemos repetir sempre o que podemos ter certeza absoluta, onde a verdade se apresenta de forma límpida e indiscutível: “Mas eu sei em quem teu crido, estou bem certo que é poderoso para guardar o meu depósito até o dia final.”
Isto lhe basta? Então como o paralitico da porta Formosa, saia pulando e gritando: “Salvo, sou salvo da morte e do inferno, agora e para todo sempre, um filho amado de Deus, em Cristo Jesus”.
Imite o personagem cristão do livro “O Peregrino”, que quando quiseram demovê-lo de seguir a Cristo tapou os ouvidos e saiu correndo na estrada da salvação.
Você também, tape seus ouvidos conservando na mente apenas uma verdade: “a todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, os que creem no seu nome”.
Você o recebeu? Então repita comigo: “Eu sou do meu amado e Ele é meu”.
O JORNALEIRO
13.jun.23
Publicado em 8 de junho de 2023
O QUE ESTOU PREGANDO – Resumo.
Deus deu um filho a Abraão. Ele foi chamado Isaque, filho do riso, riso zombeteiro de Sara, ao ouvir de Deus a notícia de que seria mãe, embora contasse com 90 anos e tivesse passado da idade de conceber.
Mas quando Isaque era apenas um jovenzinho, Deus pediu que Abraão o sacrificasse no monte Moriá. Uma dor profunda cortou a alma do patriarca, mas, mesmo assim, foi com o filho ao lugar do sacrifício.
Quando Abraão estava prestes a imolar seu filho, uma voz cortou o céu: “Abraão, Abraão, não faças nenhum’ mal ao menino, agora sei que temes a Deus, porquanto não me negastes teu filho.”
Das grandes lições que este texto contém, gostaria de salientar apenas uma – a fala de Deus. O anjo do Senhor bradou. No Velho Testamento, anjo do Senhor é Jesus.
Quem poderia impedir a morte de Isaque, quem poderia impedir a nossa morte?
Quem poderia conter e abraçar toda ira da santidade divina contra o pecado e maldade do coração humano? Quem?
A melhor oferta que Abraão poderia dar a Deus era o seu filho, mas era insuficiente para agradar aos céus, “porque quem primeiro deu a Ele e depois recebeu? Porque Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas”.
Como dar a Deus o que já é Dele?
Por não termos nada em nossas mãos, Deus nos deu Jesus. Quando damos a nossa vida a Deus não é nossa vida que damos, é a vida de Jesus, porque pela fé, quando o recebemos Ele se torna vida em nós, e quando Deus nos olha não vê os nossos pecados, mas vê seu filho em nós.
Ele sim é o verdadeiro Isaque, o filho do riso, não do riso zombeteiro de Sara, mas do riso alegre de Deus: “Este é o meu filho amado em quem me comprazo.”
E quando minha vida se torna vida de Cristo, pela minha fé, entrega, perseverante caminhar com Deus, Ele se torna meu riso, minha alegria, minha paz.
De nenhum prazer do mundo quero desfrutar, de nenhuma efêmera alegria desta vida, mas só do seu Espirito pairando sobre mim, como pairava na primeira criação, pondo ordem no caos dos meus abismos, enchendo todos os vazios, onde vejo a alegria do riso de Deus dizendo para mim:
“Este também é meu filho, receba do meu Espírito, e sinta o seu testificar dentro de você, abrindo seus lábios para falar as palavras mais doces que um ser pode pronunciar”:
“Aba Pai.”
O JORNALEIRO
08.jun.23
Publicado em 5 de junho de 2023
Na floresta um leão destacou-se dos demais, por ser o mais brioso, forte, destemido. Não havia quem conseguisse sobrepuja-lo. Mas começou a ficar abatido e tristonho, porque todos o temiam, com receio de sua força.
Como rei da floresta ele queria aglutinar os animais, mas todos fugiam dele.
Um dia, uma sábia coruja compadecendo-se dele disse-lhe:
– Chefe leão, sei que está triste porque todos fogem de você por temerem sua força. Só há uma solução para isso, transformar-se num cordeiro.
Ah, então é isso.
O leão virou cordeiro, mas todos começaram a bater nele, aproveitando-se da sua fragilidade.
Logo viu que não podia ser cordeiro. Voltou a ser leão.
Entretanto, a experiência que teve como cordeiro levou-o a entender a psicologia dos fracos e começou a devagar, bem devagarinho, a ser gentil, socorrer aqueles que eram oprimidos por aqueles que dos fracos queriam tirar proveito.
Com ações de atenção e amizade, correu pela floresta a fama de um leão que agia como cordeiro e assim ele se tornou o rei da floresta.
O pastor muitas vezes é visto como um leão, muitos têm medo até de cumprimenta-lo, ele fica triste, acha que não gostam dele. Entretanto ele faz questão de ser leão, prega e ora como um leão e as ovelhinhas dizem: nunca seremos como ele.
Ele sempre faz questão de ser o gigante e não percebe que isto faz dos seus liderados pequenos pigmeus.
Temos que ser leões que rugem quando tratamos com nossos inimigos interiores, mas nunca com os nossos liderados. O rebanho deve nos ver não como leões, mas como a mais pequenina das ovelhas. Cuidamos delas, mas também nos deixamos cuidar por elas.
Ser pastor e ao mesmo tempo ser ovelha, mas ovelha das nossas ovelhas. A somatória de todas elas significa igreja, e igreja é corpo, onde se pastoreia e é pastoreado pelo corpo. Significa valorizar o rebanho e ver que eles são melhores do que nós. Se somos líderes não é por mérito, mas por graça.
Somos salvos pela graça e servimos pela graça, se não há mérito na salvação não há mérito em servir. Mas não temos que ser exemplo? Sim, temos, mas exemplo de humildade, de considerar os outros superiores a nós mesmos.
Quando vemos que muitas das nossas ovelhas são melhores do que nós, somos desafiados não a sobrepuja-las, mas inspirarmo-nos nelas.
Um dia desses ouvi uma voz interior que me dizia: Você tem que ser um Josuel. Não dei atenção. Mas a voz interior não parou. Fui verificar o significado da palavra e vi que ela é uma mistura de José com Josué.
Também vi que a desinência “el” significa louvor. Comecei a refletir sobre a força de Josué e a mansidão de José. O estrategista da guerra e o esgrimista das pessoas. Sei que nunca serei isto. Mas daí surgiu minha fábula do leão e do cordeiro. Passo a ter medo de ser apenas o leão que ruge na floresta e nunca ser uma ovelha entre ovelhas.
O JORNALEIRO
05.jun.23